Não se trata de imagem inventada, efeito especial de algum filme de ficção ou de um quadro de Flávio Tavares botando pra fora seu talento trágico. A imagem aí de cima é real, é nossa, do nosso interior, mostra a seca que devasta o sertão, estraçalha o cariri, mata o gado de fome e de sede, bota o matuto pra correr atrás de outra vida e toca fogo nos gravetos secos. É a imagem do inferno aqui na terra, um inferno que poderia ser vencido se os nossos governantes deixassem de fazer bazófias e fizessem jus ao voto de confiança dado a eles pelo povo.
O mocinha e a mocinha da cidade grande certamente hão de duvidar que exista aqui na Paraíba ambiente para este cenário de morte. Duvide não, mocinho, duvide não, mocinha, antes bote o pé na estrada e vá ver de perto. Aproveite para emprestar sua solidariedade ao seu irmãozinho lá da seca que está com a panela emborcada em cima do fogão e o pote vazio.
E se lhe sobrar coragem, peça ao seu pai, a sua mãe, ao diretor da sua escola, aos seus colegas de colégio, ao pastor da sua igreja que adora clamar a Deus no ar refrigerado da igreja, para fazerem uma corrente em favor dos que estão morrendo. Porque, mocinha e mocinho, dentro de breves dias as carcaças que vão aparecer na beira da estrada e nos grotões das caatingas, serão de meninas, de meninos e de adultos dizimados pela estiagem. Cobre deles, force-os a ser solidários. Seus irmãos do sertão e do cariri hão de agradecer.
TiãoLucena / Blog do Cauê Rodrigues
TiãoLucena / Blog do Cauê Rodrigues