O grupo baiano de pagode New Hit, do qual nove integrantes respondem
pelos crimes de estupro contra duas adolescentes, de 16 e 17 anos, e por
formação de quadrilha, é atração do Pagode do Palhaçada (rua 21 de
Abril, em Afogados), neste domingo (24).
A Marcha das Vadias, indignada, organiza mobilização em frente à casa
de shows, no domingo, às 16h.
“Vamos gritar nossa indignação pela
injustiça cometida”, diz a convocatória feita pelo movimento nas redes
sociais.
O caso
O crime de estupro teria acontecido em agosto de 2012, após show do
grupo na cidade de Ruy Barbosa, no interior da Bahia. As adolescentes
disseram que foram ao ônibus dos pagodeiros para tirar fotos e ganhar
autógrafos, quando foram obrigadas a ter relação sexual.
Um laudo policial encontrou sêmen na roupa das meninas e na de um
músico. Segundo a polícia, dois integrantes admitiram ter transado com
as adolescentes, mas com consentimento delas. O volume de sêmen
coletado, no entanto, é superior à quantidade de três pessoas.
Os integrantes ficaram presos por 38 dias e foram soltos em 3 de
outubro mediante um habeas corpus. De segunda (18) até quarta (20), o
Tribunal de Justiça da Bahia realizou audiências para julgar o caso. Mas
devido à falta de contato com duas testemunhas de defesa da banda, o
julgamento foi adiado para os primeiros dias de setembro, a pedido dos
advogados dos réus, acatado pela juíza do caso.
A carreira
O grupo voltou a se apresentar em dezembro, em Feira de Santana.
Recentemente, no Carnaval, protestos de moradores da cidade de Delmiro
Gouveia, em Alagoas, e do grupo Sertão Feminista levaram ao cancelamento
de dois shows que o grupo faria naquela cidade.
Em conversa por telefone, Marcelo Adriano, dono do Pagode do
Palhaçada, contou que o valor do cachê do grupo é normal, sem qualquer
baixa pelas acusações que pendem sobre os integrantes. Marcelo conta
também que recebia muitas ligações de fãs do grupo e de “suingueira”
pedindo pela atração. Segue parte da conversa:
Repórter: Você sabe que eles respondem processo por estupro, né?
Marcelo: “Eles foram absolvidos.”
R: Na verdade, o julgamento foi adiado para setembro.
M: “Mas até então não tem nada contra eles. Não teve julgamento.”
R: Não se preocupa que a atração repercuta negativamente para a casa?
M: “Em certo momento eu fiquei preocupado, mas a gente tem recebido muita ligação, muita procura para assistir à banda.”
Por Romero Rafael