O soldado Flávio, que matou um colega (cabo Adriano) durante uma discussão dentro da viatura chegou a ser atendido, entre os anos de 2012 e 2013, no Núcleo de Apoio a Dependentes Químicos (Nadeq) da PM por causa de problemas com bebida.
Era, nas palavras de colegas, explosivo e imprevisível. Na única entrevista que concedeu antes de ser recolhido ao Centro de Reeducação da PM, em Paulista, no Grande Recife, à TV Jorna, Flávio Oliveira alegou ter sofrido um surto psicótico. “Não lembro do que fiz. Só lembro que ele (Adriano) gritou para eu calar a boca. Ele disse que negros não deveriam entrar na universidade se não fosse fazendo provas. Estou arrependido, ele deixou um filho. Mas agora não tem mais jeito”.Os problemas psicológicos dos policiais são potencializados por uma rotina onde o risco é constante e as condições de trabalho nem sempre são as ideais. Longe dos olhos da sociedade, o resultado desse coquetel explosivo às vezes nem chega aos divãs da corporação. “A Polícia se preocupa em cuidar dos outros, enquanto ela está doente. Temos policiais que abusam de álcool, maconha e até crack. O que os serviço de acompanhamento estão fazendo a respeito?”, questiona um policial que trabalhou no Centro de Assistência Social (CAS) da polícia.
O problema é que o governo tenta inverter o jogo e jogar a culpa no policial. Um PM passa oito meses em um curso de formação que aborda cerca de 10 disciplinas, pura teoria, porque quando vão para a ativa enfrentam falta de condições de trabalho, pressão psicológica com cobrança de metas, salário minguado de R$ 3 mil (bruto) enquanto um “assessor especial” comissionado ganha mais de R$ 8 mil apenas para bajular Paulo Câmara.
Além disso há a sobrecarrega de trabalho. Mais 1.117 Policiais Militares assumiram mês passado, mas o efetivo do sertão não ganhou reforço e ainda convivem com constantes atrasos nas diárias.