Inerte, em cima de uma cama, é dependente em todos os sentidos. O único movimento que faz é com o braço direito. “Tudo sou eu que faço. O banho é no leito. Era uma mulher ativa em todos os sentidos. Hoje vive assim. Do jeito que deixar ela fica”, explica. A dedicação dele é comovente. O silêncio que habita a casa também é marca na vida. Nunca pediu ajuda do poder público. Com o que ganha da aposentadoria por invalidez, garantida pela Previdência Social, compra alimentos, fraldas e medicamentos. “Esse dinheiro é nosso porto e salvação. Não recebemos nenhuma outra ajuda”, agradece.
Edmílson é de uma dedicação em tempo integral. Por muito tempo foi agricultor. Quando passou a morar na cidade, trabalhou num abatedouro. Largou o emprego e, desde então os dias e as noites se contam em dedicação e atenção constante. A cadeira de rodas que tem não consegue sustentá-la. Só é usada para um banho, de vez em quando. “Se ela espirrar cai da cadeira porque não é adaptada e ela não se sustenta”, explica. “Hoje essa seria a nossa necessidade. Uma cadeira adaptada, mas sei o quanto é difícil”, lamenta.
Chama atenção e comove a dedicação que Edmílson tem com a esposa. Abriu mão da própria vida e dos sonhos. Mas não esbanja nenhum tipo de arrependimento. “Sou outro homem hoje. Aprendo a cada dia ser uma nova pessoa, um novo homem, um bom marido, bom pai. Quando a gente faz boas coisas na vida, deixamos nossa marca. Também não abro mão das palavras de Deus, que nos inspira. A bíblia ensina como amar o ser humano. Tem hora que estou cansado e peço a Deus que me dê saúde, para ir com essa luta até o fim. Vejo isso como um teste para a minha fé. Uma missão”, diz.
Se o remédio para a cura fosse o amor, Tânia já estaria fora daquela cama. “Tenho muito amor, mesmo sabendo que ela nem sabe mais quem eu sou. Não reclamo. É minha esposa. Deus tem um propósito para tudo na vida”, diz emocionado.
E assim pensa esse sertanejo. Leva a crença de que o que acontece na vida de cada um, e que independe de vontade e decisão, faz parte dos grandes mistérios divinos. “Temos que aceitar, entender e tirar uma lição de tudo”, completa. A lição tem sido a de amar cada vez mais ao próximo e dar exemplo aos filhos de como ser um bom pai e marido. “Dizem que a gente deixa um legado. O meu é esse”, finaliza.
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