Uma briga entre facções criminosas rivais seguida de rebelião no maior presídio do Amazonas deixou ao menos 60 presos mortos nesta segunda-feira (2) em Manaus, capital do Amazonas. Esse número, segundo o governo do Amazonas, pode subir, já que a polícia ainda não terminou a contagem oficial de mortos, feridos e fugitivos. O motim durou 17 horas e, segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado, há decapitados entre as vítimas.
A matança é a maior em número de vítimas em presídios do país desde o massacre do Carandiru, em 1992, em São Paulo, quando uma ação policial deixou 111 presos mortos na casa de detenção. Desde então, há outras tragédias no sistema carcerário nacional, como a rebelião em 2004 na Casa de Custódia de Benfica (RJ), quando morreram 31 pessoas. Também entram na lista o motim no presídio de Urso Branco (RO), que deixou 27 mortos em 2002, e a rebelião no Complexo Penitenciário de Pedrinhas (MA) em 2010, com 18 mortos.
Em Manaus, o motim começou na tarde de domingo (1º), no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), localizado no km 8 da BR-174. Na unidade havia 1.224 homens, o triplo da capacidade (de 454 vagas), segundo dados do mês passado do governo estadual. No Compaj ainda há outras duas unidades -uma para presos do regime semiaberto e outra para os de regime fechado feminino. O Amazonas possui 11 unidades prisionais.
Guerra entre facções
A rebelião foi motivada por uma briga entre as facções Família do Norte e Primeiro Comando da Capital (PCC), segundo Marluce da Costa Souza, coordenadora da Pastoral Carcerária do Estado. O governo do Estado também informou que os chefes das facções não fizeram exigências. O massacre é tratado como uma guerra entre os grupos criminosos, e, de acordo com as investigações iniciais, a rebelião foi comandada pela Família do Norte, que teria dado a ordem para abater membros do rival PCC. Entre todas as vítimas, morreram mais membros do PCC, de acordo com a pasta da segurança pública do Estado.
Em entrevista à imprensa, Sérgio Fontes, secretário de Segurança Pública do Amazonas, disse que o controle de facções em presídios não é um problema exclusivo do Amazonas. "Esse foi mais um capítulo da guerra silenciosa e impiedosa do narcotráfico que está espalhado por todo o país", afirmou. Continua...
Atenção: Imagens Fortes
Presídio "péssimo"
Presos sem assistência jurídica, educacional, social e de saúde. Um sistema classificado como "péssimo" para qualquer tentativa de ressocialização. Foi esse o diagnóstico elaborado durante inspeção em outubro do ano passado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) no Compaj.
A unidade não conta com aparelhos para detectar a entrada de metais nem equipamentos para bloquear sinal de celular. As revistas para a entrada de visitantes são feitas por 94 agentes penitenciários que se revezam entre três turnos.
A livre circulação de drogas na penitenciária é uma rotina "comum", segundo a associação dos agentes penitenciários terceirizados.
Presos provisórios, ainda segundo o CNJ, também dividem celas com detentos já condenados. Esse quadro é propício para a insurgência de facções criminosas, que passaram a atuar dentro da unidade.
Fugas
Pouco antes da rebelião com mortos no Compaj, 87 presos fugiram do Ipat (Instituto Penal Antônio Trindade), um presídio penal a 5 km dali -o Ipat tem 229 internos, e o governo estadual ainda está fazendo contagem de presos. No início da tarde, entre 40 e 60 já tinham sido recapturados. Também houve fuga de presos no Compaj, mas o governo não soube informar quantos. Segundo o secretário Sérgio Fontes, essa pode ter sido também a maior fuga da história do Amazonas.
A Seap (Secretaria de Estado da Administração Penitenciária) pasta que administra o sistema penitenciário do Amazonas, isolou toda a área onde ficam as duas unidades prisionais. Nas vias que dão acesso à rodovia BR-174, foram montadas barreiras policiais para auxiliar na busca por fugitivos, além de impedir que parentes se aproximem dos presídios.
Dos reféns no Compaj, 74 eram detentos e outros 12 funcionários da Umanizzare, empresa de gestão privada que presta serviço no complexo. Após a rebelião, os funcionários foram liberados na manhã desta segunda (2), sem ferimentos. Ainda não foi informado quantos detentos ficaram feridos.
O Ministério da Justiça e Cidadania informou que o ministro Alexandre de Moraes manteve durante todo o tempo contato com o governador do Amazonas, José Melo de Oliveira. O governador disse ainda que utilizará os R$ 44,7 milhões de repasse que o Fundo Penitenciário do Amazonas recebeu do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen), na última quinta-feira (29), para reforma a unidade.
(Folhapress)
Guerra entre facções
A rebelião foi motivada por uma briga entre as facções Família do Norte e Primeiro Comando da Capital (PCC), segundo Marluce da Costa Souza, coordenadora da Pastoral Carcerária do Estado. O governo do Estado também informou que os chefes das facções não fizeram exigências. O massacre é tratado como uma guerra entre os grupos criminosos, e, de acordo com as investigações iniciais, a rebelião foi comandada pela Família do Norte, que teria dado a ordem para abater membros do rival PCC. Entre todas as vítimas, morreram mais membros do PCC, de acordo com a pasta da segurança pública do Estado.
Em entrevista à imprensa, Sérgio Fontes, secretário de Segurança Pública do Amazonas, disse que o controle de facções em presídios não é um problema exclusivo do Amazonas. "Esse foi mais um capítulo da guerra silenciosa e impiedosa do narcotráfico que está espalhado por todo o país", afirmou. Continua...
Atenção: Imagens Fortes
Imagens perturbadoras mostra a realidade que foi vivida pelos detentos
A atuação da Família do Norte no comando do tráfico de drogas no Amazonas desestabilizou a reeleição, em 2014, do governador José Melo de Oliveira (PROS). Um áudio vazado mostrou o subsecretário de segurança, na época, negociando apoio eleitoral com um líder da Família do Norte que estava preso no Anísio Jobim. O então subsecretário Carliomar Brandão foi exonerado do cargo e disse que a conversa que ele teve com o detento foi manipulada.Presídio "péssimo"
Presos sem assistência jurídica, educacional, social e de saúde. Um sistema classificado como "péssimo" para qualquer tentativa de ressocialização. Foi esse o diagnóstico elaborado durante inspeção em outubro do ano passado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) no Compaj.
A unidade não conta com aparelhos para detectar a entrada de metais nem equipamentos para bloquear sinal de celular. As revistas para a entrada de visitantes são feitas por 94 agentes penitenciários que se revezam entre três turnos.
A livre circulação de drogas na penitenciária é uma rotina "comum", segundo a associação dos agentes penitenciários terceirizados.
Presos provisórios, ainda segundo o CNJ, também dividem celas com detentos já condenados. Esse quadro é propício para a insurgência de facções criminosas, que passaram a atuar dentro da unidade.
Fugas
A Seap (Secretaria de Estado da Administração Penitenciária) pasta que administra o sistema penitenciário do Amazonas, isolou toda a área onde ficam as duas unidades prisionais. Nas vias que dão acesso à rodovia BR-174, foram montadas barreiras policiais para auxiliar na busca por fugitivos, além de impedir que parentes se aproximem dos presídios.
Dos reféns no Compaj, 74 eram detentos e outros 12 funcionários da Umanizzare, empresa de gestão privada que presta serviço no complexo. Após a rebelião, os funcionários foram liberados na manhã desta segunda (2), sem ferimentos. Ainda não foi informado quantos detentos ficaram feridos.
O Ministério da Justiça e Cidadania informou que o ministro Alexandre de Moraes manteve durante todo o tempo contato com o governador do Amazonas, José Melo de Oliveira. O governador disse ainda que utilizará os R$ 44,7 milhões de repasse que o Fundo Penitenciário do Amazonas recebeu do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen), na última quinta-feira (29), para reforma a unidade.
(Folhapress)