Ainda segundo a Crusoé, com o avanço do trabalho da polícia, a suspeita
mudou de patamar. Agora, a possível participação do PCC no atentado a
Bolsonaro é considerada, oficialmente, a principal hipótese do
inquérito. “Nossa principal linha de investigação é o envolvimento do
PCC no crime”, confirmou a Crusoé o delegado Morais. No documento em que
pede a prorrogação do inquérito, ao qual a reportagem teve acesso,
Morais explica por que precisa de mais tempo para concluir o trabalho e,
ao listar as razões, cita textualmente a facção nascida nos presídios.
Ele diz, no pedido ao juiz, que é preciso apurar “o envolvimento de
facções criminosas, a exemplo do Primeiro Comando da Capital-PCC, por
detrás da ocorrência delituosa” e menciona que há diligências em curso
destinadas a destrinchar os indícios do envolvimento da organização no
crime. No mesmo expediente, o delegado revela que a suspeita sobre os
advogados de Adélio também passou, oficialmente, a fazer parte do
inquérito — sim, agora os advogados também estão sob investigação. O
delegado afirma estar apurando fatos reportados em uma notícia-crime
“que apontam para a prática dos crimes de integrar organização criminosa
e contra a segurança nacional, dentre outros, atribuídos aos advogados
de Adélio Bispo de Oliveira”.
É a primeira vez que a Polícia Federal
admite, no papel, estar investigando suspeitas relacionadas aos
advogados que apareceram para defender Adélio. Da mesma forma, é a
primeira vez que a parte sigilosa da apuração sobre a suposta
participação do PCC vai parar formalmente nos autos como uma importante
linha do inquérito.
Conforme a publicação, não há, no documento,
explicações detalhadas sobre as razões que põem a facção no radar dos
policiais. Mas Crusoé apurou alguns dos elementos que levaram a equipe
do delegado Morais a suspeitar do envolvimento da facção no crime. Os
policiais trabalham com duas hipóteses principais. A primeira é a de que
a facção possa ter encomendado o atentado. A outra é de que ela esteja
patrocinando a defesa de Adélio Bispo. Destrinchando a suspeita
original, surgida a partir da desconfiança em relação aos advogados, os
policiais descobriram que, no rol de amigos de Adélio, havia um
“faccionado” do PCC – como são chamados os detentos ou ex-detentos
batizados pela organização. Foi no Facebook do agressor de Bolsonaro que
apareceu a primeira pista. O tal amigo é de Montes Claros, no interior
de Minas, cidade-natal de Adélio. Já passou pelo sistema prisional do
estado, mas está hoje em liberdade. No início desta semana, os agentes
federais saíram a campo para tentar localizá-lo. Descobriram que ele já
não mora mais em Montes Claros. Mudou-se para Campinas, no interior de
São Paulo, onde também está baseado um segundo personagem da
investigação, amigo do amigo de Adélio, que é apontado pelas autoridades
como integrante do PCC.
Nas redes sociais, esse segundo personagem
aparece ostentando dinheiro e armas pesadas e exibindo tatuagens com
referências a palhaços, algo que, no código do crime, é uma marca típica
de criminosos que querem se mostrar como algozes de policiais. Ambos, o
amigo de Adélio e o amigo do amigo de Adélio, continuam sendo
procurados pela PF. Paralelamente, a equipe trabalha em outra ponta da
investigação que relaciona o ajudante de pedreiro a faccionados do PCC
em Florianópolis, uma das várias cidades onde o esfaqueador de Bolsonaro
morou nos últimos anos. Essa ponta da investigação ainda é mantida sob
absoluto sigilo.
Enquanto isso, em Minas, os investigadores procuram
delinear a relação dos advogados de Adélio Bispo com “faccionados” do
PCC. Nas últimas semanas, eles reuniram uma lista de detentos que, nos
arquivos oficiais, são apontados como integrantes da facção e têm como
defensores os mesmos advogados de Adélio. Ao menos dois desses
“faccionados” estão atualmente cumprindo pena na penitenciária Nelson
Hungria, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, e são
clientes de Fernando Magalhães, um dos integrantes da equipe de
criminalistas que defende Adélio. São acusados de crimes como tráfico de
drogas e homicídio.
À Crusoé, Magalhães negou que esteja trabalhando
no caso Adélio a soldo do PCC. “Eu não advogo para o PCC, mesmo porque o
PCC é uma ficção, né? Uma denominada associação de criminosos que
teriam uma bandeira. Eu advogo para algumas pessoas que seriam
relacionadas a esse grupo criminoso”, disse. “A minha advocacia é séria.
Meus clientes me contratam pontualmente por processo, para um júri, e
eu atendo. Se ele for religioso ou for criminoso contumaz, me interessa o
exercício do meu ofício”, emendou, em entrevista ao repórter Eduardo
Barretto. O advogado foi além. Disse não acreditar em qualquer ligação
de Adélio com o PCC e que, se a facção tivesse interesse em atacar
Bolsonaro, usaria outros meios: “Se houvesse uma forte organização
criminosa para praticar a morte do presidenciável, teriam dado para ele
uma arma, não uma faca. Se fosse ligado a essa facção criminosa, que é
temida principalmente nos estados de São Paulo, Minas Gerais, eles
certamente teriam poderio financeiro e logístico para providenciar
ataques. Eu sequer consigo acreditar nessa possibilidade de o Adélio ter
contado com qualquer pessoa relacionada a essas pessoas. Sequer
acredito que tenha tido esse tipo de contato. Mas eu não defendo PCC. Eu
defendo pessoas que estão sendo processadas pela Justiça, inclusive
deputados. Qualquer um.”
Não foi só dos policiais que os advogados
chamaram a atenção quando se apresentaram para defender o ajudante de
pedreiro, logo após o ataque a Bolsonaro em Juiz de Fora. Horas depois
de Adélio ser preso em flagrante, os advogados – Magalhães entre eles –
correram até Juiz de Fora. Chegaram à cidade a bordo de um avião
particular. Era o início de uma sequência de mistérios e histórias
desencontradas. Quem paga? Quanto custa? Quais os interesses de quem
custeia a defesa? Os advogados, até aqui, mantêm no anonimato o
contratante – ou os contratantes. As versões são nebulosas.
Um deles,
Zanone Júnior, disse ter sido acionado por uma pessoa que seria ligada a
uma igreja frequentada no passado por Adélio e que, em seguida, chamou
os outros três colegas para ajudá-lo na empreitada. Entre eles, Fernando
Magalhães. Zanone contou que, pelo serviço, recebeu dois pagamentos em
dinheiro vivo. O quarteto é conhecido em Minas por cobrar caro e também
por atuar em casos de grande repercussão – Zanone, por exemplo,
trabalhou no processo que levou o goleiro Bruno à prisão.
Os
policiais que atuam no inquérito estão em permanente contato com o staff
de Bolsonaro. E tentam obter do candidato e de familiares informações
que possam ajudar na apuração – como, por exemplo, dados sobre ameaças
ocorridas antes ou mesmo depois do atentado. Foi em um desses contatos
que eles receberam, por exemplo, a notícia de que, em 17 de setembro,
tiros teriam sido disparados para o alto, durante a noite, nas
proximidades do condomínio onde mora o presidenciável, na Barra da
Tijuca, Zona Oeste do Rio. Na ocasião, Bolsonaro ainda estava internado
em São Paulo. Um boletim de ocorrência foi registrado.
Ainda é
prematuro afirmar que o PCC está por trás do atentado a Bolsonaro. Mas o
fato de a Polícia Federal apontar essa suspeita como a principal linha
de investigação do segundo inquérito aberto para investigar o crime abre
um novo flanco que pode dar ao caso outra dimensão. Contribuem para
reforçar a hipótese dos investigadores alguns elementos colhidos em
trabalhos de inteligência da própria PF destinados a monitorar a ação da
facção criminosa – especialmente nas situações que envolvem crimes
federais, como lavagem de dinheiro. Em interceptações telefônicas,
chefes do PCC aparecem fazendo referências nada elogiosas a Jair
Bolsonaro. A leitura dos policiais é a de que a promessa do candidato de
radicalizar o combate ao crime organizado representa uma ameaça aos
criminosos e que, por isso, eles estariam temerosos com a sua possível
eleição. As informações são da Revista Crusoé, do Antagonista.
Reproduzido por Blog Tv Web Sertão
...............................................................
ANÚNCIOS WEB SERTÃO - Veja os anúncios comerciais em nosso Blog
(CLICK AQUI)
ELITE DIGITAL FESTAS E EVENTOS - Vai fazer festa?
(CLICK AQUI)
AFOGADOS VEÍCULOS.COM - Lojas, Peças e Serviços em Afogados
(CLICK AQUI)