Espionagem existe no mundo inteiro, o tempo todo, entre aliados e inimigos. Há um israelense, Jonathan Pollard, preso nos Estados Unidos por espionar em favor de Israel, firme aliado de Washington. Mas mandam as normas diplomáticas que, quando alguma espionagem for descoberta, haja reações - como, no caso dos EUA, a prisão de Pollard.
A presidente Dilma Rousseff poderia chamar o embaixador brasileiro em Washington para consultas, ou suspender sua visita aos Estados Unidos, manifestando diplomaticamente o desagrado brasileiro. Poderia até, em nome de aceitar o mundo como ele é, calar-se. Mas mandar o ministro da Justiça (e não o chanceler) aos EUA para pedir que parem de espionar o Governo brasileiro é fantasticamente inútil. Ser ridicularizado não é fazer diplomacia.
A NSA americana grava telecomunicações no mundo inteiro. O embaixador americano no Brasil em 64, Lincoln Gordon, soube por Washington do encontro do ex-presidente Kubitschek com o ministro da Guerra, Jair Dantas Ribeiro. A CIA talvez saiba de coisas que a Abin não sabe. Mas o Itamaraty sempre foi competente, até mais que o Departamento de Estado.
Por que ficou fora do caso?
CARLOS BRICKMANN