Foi a partir de 1970 que o mistério começou a se esclarecer. O
historiador recebeu uma informação do coronel Audálio Tenório de
Albuquerque dizendo que ouviu seu parente e amigo próximo, o coronel
José Lucena de Albuquerque Maranhão (o responsável intelectual pela
morte do Rei do Cangaço, já que comandava o batalhão encarregado da caça
a Lampião em Angicos), que o verdadeiro assassino era um dos
guarda-costas do aspirante Francisco Ferreira de Mello, mas não
Honorato, como a imprensa havia divulgado.
“Eu achava que ele tinha
uns oito, dez guarda-costas, por isso desanimei. Mas, em 1978, ao ter
contato com uma das irmãs do aspirante, ela me disse que ele tinha
apenas dois. Um era velho, o Honorato, e o outro era mais novo e ficou
conhecido como Santo”, diz o historiador.
Frederico conseguiu
encontrar o cabo que se chamava Sebastião Vieira Sandes. Durante muito
tempo, tentou, em vão, arrancar alguma informação. Só no fim de 2003,
quando se descobriu portador de uma doença terminal, Sandes procurou o
biógrafo. Decidiu que havia segredos que ele não queria levar para o
túmulo. “Fiquei até emocionado. Fazia mais de 20 anos que estava atrás
dele. Minha mulher achou, na ocasião, que era uma emboscada. Ele me deu
um relato precioso, que gravei durante quatro dias. Morreu um mês
depois”, lembra o historiador.
Segundo Sebastião Sandes, Lampião
morreu com um tiro só de fuzil, disparado a oito metros e que não estava
em combate. A bala bateu na lâmina do punhal do cangaceiro e atingiu
sua região umbilical esquerda. “Lampião foi surpreendido, pois esperava
ser atacado por terra e não pelo rio, como aconteceu. Sandes me disse
que o silêncio era de uma catedral, porque era começo da manhã. Havia
chovido e até os animais estavam recolhidos. A maneira como atirou, de
cima para baixo, ao contrário do que afirmava Honorato, foi comprovada
pela perícia feita recentemente pelo perito criminal federal Eduardo
Makoto Sato, do Instituto Nacional de Criminalística. O punhal de
Lampião, que foi atingido, nunca havia sido analisado”, afirma.
O
mais curioso é que, no passado, Sandes chegou a ser amigo e querido por
Lampião e Maria Bonita. Eles o chamavam de Galeguinho, por ser bem
claro. “Sandes foi coiteiro (pessoas que ajudavam os cangaceiros,
dando-lhes abrigo, comida e informações) de Lampião na região de Alagoas
e companheiro de costura dele. Lampião era um exímio costureiro de
couro, de pano, bordava. Quando Sandes me deu o depoimento, ele estava,
inclusive, com o olhar baixo, até um pouco emotivo, porque eles foram
próximos”, diz.
Ele não quis assumir a autoria do crime para evitar
represálias. Quando matou Lampião, Sandes estava com apenas 22 anos.
“Internamente, sabiam que foi ele, que chegou a ser promovido. Porém,
ele foi aconselhado a não se revelar, porque Lampião era muito poderoso.
Tanto que Honorato apareceu morto, em 1968, logo após estampar uma
edição da revista Fatos & Fotos gabando-se de seu feito. Era a
chamada vingança de Lampião.”
Apagando o Lampião – Vida e morte do Rei do Cangaço
Frederico Pernambucano de Mello
Global Editora
336 págs.
sugerido: R$ 55
Reproduzido por Blog Tv Web Sertão
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