Segundo a legislação brasileira, produzir ou reproduzir pornografia envolvendo menores de idade pode dar até oito anos de cadeia e multa
Montagem com imagens de página que faz apologia à pedofilia
Elas aparentam ter entre 10 e 14 anos. Os seios ainda em fase de crescimento, as espinhas denunciando a entrada na puberdade, o sorriso com aparelho nos dentes. Mas as fotos e os vídeos trazem essas meninas em poses sensuais. Vestidas de biquíni, fio dental e pijama cavado. Rebolando ao som de um funk, conferindo a lingerie (!) no espelho, deitadas na cama. Todas em dezenas de páginas doFacebook que reúnem milhares de seguidores de “amantes de novinhas”. Um eufemismo grotesco para APOLOGIA À PEDOFILIA.
Na semana passada, o deputado Rodrigo Delmasso (PTN) denunciou um desses grupos virtuais à Polícia Federal, cobrando a identificação do responsável por compartilhar o conteúdo. Segundo a legislação brasileira, produzir ou reproduzir pornografia envolvendo menores de idade pode dar até oito anos de cadeia e multa. É impossível saber se essas imagens foram “vazadas” por alguém e publicadas sem autorização. De qualquer forma, não interessa.
Não interessa se teve ou não “consentimento”, se elas mesmas enviam fotos e pedem para serem publicadas. Não interessa que essas meninas inclusive cliquem no botão curtir para comentários do tipo “gostosa”, “chupava inteira”, “me passa seu zap” etc. Não interessa se elas têm “corpo de mulher”, se são virgens ou “danadas” (pra usar uma expressão corriqueira dos “admiradores”). Nada muda o fato de elas serem crianças, de não terem capacidade de medir as consequências e os perigos de uma exposição dessas.
Infância e adolescência são fases de profunda insegurança, de necessidade de autoafirmação, de expectativa pela aprovação alheia. Para muitas garotas, descobrir-se desejada por homens feitos pode ser um tremendo elogio, algo digno de exibir para as amigas do colégio. Mas isso não dá aos adultos o direito de abusar dessa inocência/estupidez. “Que exagero, é só uma página deFacebook”, dirão. Não, não é. Especialmente porque vários não se contentam em dar like e comentar. Trocam número de celular, puxam conversinha com putaria, chamam no Skype ou marcam um encontro pra valer.
O mais inacreditável é que uma rede social tão rigorosa com certas postagens (a exemplo dos bloqueios de pinturas clássicas com nu frontal ou mamilos livres em protestos) seja tão complacente com a exploração sexual de crianças. Que, por vezes, se recuse a entregar os dados pessoais dos moderadores das páginas para que eles respondam judicialmente pelo crime. No máximo, sob pressão de usuários que denunciam essas comunidades, o Facebook acaba por excluí-las. E se fosse a sua filha?
*Nathalia Ziemkiewicz, autora desta coluna, é jornalista pós-graduada em educação sexual e idealizadora do blog Pimentaria.
Na semana passada, o deputado Rodrigo Delmasso (PTN) denunciou um desses grupos virtuais à Polícia Federal, cobrando a identificação do responsável por compartilhar o conteúdo. Segundo a legislação brasileira, produzir ou reproduzir pornografia envolvendo menores de idade pode dar até oito anos de cadeia e multa. É impossível saber se essas imagens foram “vazadas” por alguém e publicadas sem autorização. De qualquer forma, não interessa.
Não interessa se teve ou não “consentimento”, se elas mesmas enviam fotos e pedem para serem publicadas. Não interessa que essas meninas inclusive cliquem no botão curtir para comentários do tipo “gostosa”, “chupava inteira”, “me passa seu zap” etc. Não interessa se elas têm “corpo de mulher”, se são virgens ou “danadas” (pra usar uma expressão corriqueira dos “admiradores”). Nada muda o fato de elas serem crianças, de não terem capacidade de medir as consequências e os perigos de uma exposição dessas.
Infância e adolescência são fases de profunda insegurança, de necessidade de autoafirmação, de expectativa pela aprovação alheia. Para muitas garotas, descobrir-se desejada por homens feitos pode ser um tremendo elogio, algo digno de exibir para as amigas do colégio. Mas isso não dá aos adultos o direito de abusar dessa inocência/estupidez. “Que exagero, é só uma página deFacebook”, dirão. Não, não é. Especialmente porque vários não se contentam em dar like e comentar. Trocam número de celular, puxam conversinha com putaria, chamam no Skype ou marcam um encontro pra valer.
O mais inacreditável é que uma rede social tão rigorosa com certas postagens (a exemplo dos bloqueios de pinturas clássicas com nu frontal ou mamilos livres em protestos) seja tão complacente com a exploração sexual de crianças. Que, por vezes, se recuse a entregar os dados pessoais dos moderadores das páginas para que eles respondam judicialmente pelo crime. No máximo, sob pressão de usuários que denunciam essas comunidades, o Facebook acaba por excluí-las. E se fosse a sua filha?
*Nathalia Ziemkiewicz, autora desta coluna, é jornalista pós-graduada em educação sexual e idealizadora do blog Pimentaria.
Crédito: Foto: Reprodução/ Facebook Por yahoo (Redação - Nathalia Ziemkiewicz)