Como agia a quadrilha que fraudou o Enem


Como agia a quadrilha que fraudou o Enem

Criminosos cobravam entre 150 e 180 mil, a depender da universidade que o candidato pretendia ingressar
Candidata verifica cartão de inscrição, antes da abertura dos portões para o primeiro dia das provas do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), em São Paulo (SP) - 05/11/2016 
(Bruno Menezes/VEJA.com)
A PF realizou neste domingo duas operações em pelo menos oito Estados para combater fraudes contra o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que aconteceu neste fim de semana. A primeira, chamada de Operação Jogo Limpo, foi para cumprir 22 mandados de busca e apreensão nos Estados do Norte e do Nordeste. A segunda, batizada de Embuste, aconteceu em Montes Claros, em Minas Gerais, e cumpriu 28 mandados judiciais. No total onze pessoas foram presas.
Reportagem do programa Fantástico, da TV Globo, acompanhou policiais na Operação Embuste e revelou a sofisticação do esquema montado por uma quadrilha especializada em fraudar concursos públicos. Membros do grupo – entre eles, professores e alunos veteranos, chamados de pilotos – faziam a prova rapidamente e saíam no tempo mínimo, com as respostas anotadas. Depois, de um hotel, eles transmitiam o gabarito para candidatos do exame em várias cidades do país. As alternativas corretas eram passadas por celular para receptores do tamanho de um cartão de crédito – com um chip semelhante a de celulares, que os candidatos grudavam no peito, e o áudio era ouvido por meio de pontos minúsculos no ouvido.
De acordo com o delegado da PF, Marcelo Freitas, ouvido pelo programa “a quadrilha cobrava entre 150 e 180 mil, a depender da universidade que o candidato pretendia ingressar”. Os membros da quadrilha já teriam fraudado outros dois concursos realizados neste ano: vestibulares na cidade de Mineiros, em Goiás, e Vitória da Conquista, na Bahia.
A reportagem do Fantástico mostra também como os criminosos testavam o esquema com os candidatos antes do início da prova. Um dos ‘pilotos’ em contato de áudio com uma estudante pergunta se ela está ouvindo corretamente o que ele diz: “Sofia, está me escutando dá duas tosses aí por favor”. E a candidata que já estava dentro da sala pronta para fazer a prova dá duas tossidas. O teste continua: “Correto. Vou falar cinco palavras: casa, carro, tatu, prédio e cachorro. Entendeu? Dá uma tossida”. E a candidata tosse uma vez. A tosse era a forma de comunicação do candidato com o piloto. “Se ele tossia uma vez significava que ele tinha entendido a alternativa correta da questão”, explicou o delegado. “E se tossia duas, não tinha entendido, e o interlocutor repetia a resposta.”
Essa foi a primeira vez que os policiais conseguiram captar o esquema de comunicação dos candidatos com os emissores de gabarito – por meio da tosse. Com a comunicação de emissão e retorno os criminosos garantem a precisão da fraude. Para a polícia, o esquema de segurança nos locais de prova falhou. “Nós verificamos que em muitos locais o pórtico de detector de metais não estava sendo utilizado ou estava usado de maneira indevida”, disse Freitas.
A Superintendência da Polícia Federal, no Maranhão, deflagrou uma outra operação, batizada de “Jogo Limpo”. Nesta, foram cumpridos 22 mandados de busca e apreensão em sete estados – Maranhão, Piauí, Ceará, Paraíba, Tocantins, Amapá e Pará – com o objetivo de desmantelar uma outra quadrilha que também comercializava gabaritos.
Até um secretário
Um secretário municipal de Saúde do Ceará está entre os presos no Estado. O homem, que não teve o nome divulgado pela Polícia Federal, fazia prova de Linguagens, Redação e Matemática em uma universidade na região central de Fortaleza, com ponto de escuta. Os policiais federais flagraram o fraudador com o equipamento espalhado pelo corpo, ligando a fones de ouvido.

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