Ainda de acordo com o delator, o prefeito do Recife, Geraldo Julio, o governador Paulo Câmara e um homem chamado Henrique, eram mandados por Eduardo para tratar de propina.
“Exatamente no dia que ele faleceu [Eduardo], eu estava com o Henrique que era a pessoa dele que ele mandava… Ou o Henrique, ou o Paulo Câmara ou o Geraldo Julio para ir lá tratar da propina”, afirma Saud.
O delator contou ao Ministério Público Federal (MPF) que foi procurado por Geraldo Julio, após a morte de Eduardo, pedindo para que fosse honrado o pagamento do que havia sido negociado com Eduardo.
“Com a morte do Eduardo, o Paulo e o Geraldo me procurou e disse que tinha que honrar o pagamento para ganhar a eleição em Pernambuco em homenagem a Eduardo”, disse Ricardo Saud. “Aí chegamos ao meio termo de pagar o total e ainda dar uma propina ao Paulo Câmara em dinheiro vivo lá em Pernambuco”, completou.
Ricardo Saud afirma que trabalhava com propinas para três campanhas de candidatos à Presidência em 2014: a de Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB). Na delação, Ricardo afirma que estava empolgado com o pernambucano, pois era “um cara novo, de futuro”.
“A gente estava trabalhando com a Dilma, com propinas para Dilma, com o Aécio e com o Eduardo Campos e estávamos muito empolgados com a candidatura do Eduardo, estivemos com ele, o Paulo Câmara o Geraldo Julio. Um cara novo de futuro e decidimos investir nele e colocamos um limite para iniciar. Disse a ele: nós vamos deixar 15 milhões de propina, se você começar a crescer a gente vai te alimentando, melhorando isso aí e depois a gente acerta se você ganhar. E isso foi feito”.
O delator conta que Eduardo indicou o Henrique e o dono da JBS, Joesley Batista, indicou o próprio Ricardo para tratar de valores para o socialista.
Ele ainda cita que o senador pernambucano Fernando Bezerra Coalho foi “beneficiado” na época em um R$ 1 milhão. “Começamos a pagar e a primeira coisa que fizemos é que se ele fosse crescendo, iríamos fazer o investimento que fizemos no Aécio. Aí fizemos R$ 14.650 milhões em pagamentos através de notas fiscais avulsas e pagamentos em espécie. Depois R$ 210 mil em 27/06/2014 para a HNJ consultoria que é do próprio Henrique e R$ 1 milhão para Arcos que é do André Gustavo. A Arcos foi apresentada pelo Fernando Bezerra que era candidato ao Senado”, disse.
Em nota, Fernando Bezerra Coelho diz que as afirmações do delator “não correspondem à verdade”. “A defesa do senador, representada pelo advogado André Luiz Callegari, afirma que todas as doações para a campanha de Fernando Bezerra Coelho ao Senado foram devidamente declaradas e aprovadas pela Justiça Eleitoral. A defesa do parlamentar, que não teve acessos aos referidos autos, repudia as declarações unilaterais divulgadas e ratifica que elas não correspondem à verdade”, diz a nota divulgada pela assessoria de FBC.
Na oposição, o deputado Alvaro Porto, do PSD, gravou uma mensagem nas redes sociais cobrando que o governador Paulo Câmara desse explicações aos pernambucanos. O parlamentar, que está na base de sustentação de Paulo Câmara na Alepe, disse que o governador chegou a cobrar uma explicação de Temer, na véspera, comentando os escândalos do cenário nacional.
“Seu aliado e prefeito do Recife, Geraldo Júlio, em entrevista pela manhã pediu a renuncia de Michel Temer. Mas em delação premiada, o diretor da JBS, Ricardo Saud, afirma ter pago também 15 milhões em propina para Eduardo Campos, Paulo e Geraldo. E agora governador? Chegou sua vez de dar explicações ao povo pernambucano. Faça melhor, siga o conselho do seu colega de partido e renuncie!”, declara o parlamentar.
Respostas:
Paulo Câmara
Como comprovará quem se der ao trabalho de ler o documento que sintetiza a delação, o próprio delator afirma (no anexo 36, folhas 72 e 73) que nas doações feitas ao PSB Nacional “não houve negociação nem promessa de ato de ofício”, o que significa que jamais houve qualquer compromisso de troca de favores ou benefícios. Desta forma, é completamente descabido o uso de expressões como “propina” ou “pagamento”.
Reafirmo a Pernambuco e ao Brasil que todas as doações para a minha campanha foram feitas na forma da lei, registradas e aprovadas pela Justiça Eleitoral”.
Paulo Câmara
Governador de Pernambuco
Geraldo Júlio
Geraldo Julio
Prefeito do Recife
Via: Blog do Jamildo