Candidato à reeleição se vê aprisionado na realidade: há 14 meses rejeitou política de subsídios aos combustíveis e, agora, quer recuperar tempo perdido
jogou a toalha na crise dos combustíveis. “Deve se agravar”, advertiu em conversa com um grupo de apoiadores diante do Palácio da Alvorada, em Brasília. Explicou: “A União Europeia decidiu não importar mais petróleo da Rússia. Os Estados Unidos tentaram há pouco tempo importar petróleo da Venezuela, do Maduro. O americano falou que não vai aumentar a sua produção de petróleo.
O Brasil não tem comoaumentar a dele. Em consequência, a crise dos combustíveis deve se agravar, tá?” Acrescentou uma ressalva: “É no mundo todo. Se fosse só aqui podiam me culpar, mas é no mundo todo (…) O [Michel] Temer fez a tal da PPI [política de paridade de preço internacional], o preço com paridade internacional. Mudamos o ministro das Minas e Energia, e estamos tentando aí ‘abrir’ a Petrobras, tá?” O governo vive um transe eleitoral na encruzilhada da tendência de alta do adversário Lula nas pesquisas eleitorais e a elevação dos preços do petróleo — ontem, a 114 dólares o barril.
A decisão é “segurar” a inflação a todo custo, até o fim das eleições. Se necessário, com a decretação de um “estado de calamidade” econômica, para legitimar uma forma indireta de controle de preços, via subsídios temporários e direcionados, principalmente, aos consumidores de óleo diesel no transporte de cargas, transporte coletivo urbano, serviços de táxis. Bolsonaro se vê, de novo, aprisionado na realidade.