Redes sociais têm mais impacto eleitoral do que rádio e TV



Redes sociais têm mais impacto eleitoral do que rádio e TV

A jornalista e pesquisadora de novas mídias Luciana Moherdaui avalia que a propaganda eleitoral na televisão e a exposição dos candidatos em entrevistas e debates realizados por emissoras não devem recuperar a mesma relevância que tiveram no passado. Para ela, as redes sociais e a internet continuarão a ter mais impacto.

Por isso, a ampla exposição que os principais candidatos à Presidência da República tiveram na televisão nas duas últimas semanas foi insuficiente para alterar a corrida eleitoral.

“Do ponto de vista da televisão, eu discordo do que muitos analistas têm falado recentemente, de que 2018 foi um ano atípico e de que este ano seria a volta do investimento em programas eleitorais, que a TV voltaria a ter protagonismo. Mas o fato é que 2018 foi um ano de ruptura e não atípico”, disse Luciana.

Luciana Moherdaui é jornalista e pesquisadora de novas mídias. Foi professora visitante da Universidade de São Paulo em 2020 e 2021, integra a Cátedra Oscar Sala, do Instituto de Estudos Avançados da USP e o grupo de Ética, Tecnologia e Economia Digitais do Instituto de Energia e Meio Ambiente, também da USP.

Para Luciana, a televisão é mais um meio onde um conteúdo é publicado e reutilizado nas redes sociais. “A TV é importante e tem um nicho, mas o que é mais importante são essas articulações em rede. Então faz o conteúdo para espalhar, para viralizar. E edita de formas diferentes para cada rede”, afirma.

A propaganda eleitoral no rádio e na televisão começou a ser veiculada em 26 de agosto. Antes, os 4 principais candidatos à Presidência deram entrevista ao Jornal Nacional, da Rede Globo, telejornal com maior audiência do país.

Em 28 de agosto, participaram de debate promovido pela TV Bandeirantes, em conjunto com a TV Cultura, o UOL e a Folha de S.Paulo, com apoio do Google e do Youtube. A audiência foi mais baixa do que a das entrevistas à Rede Globo.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é o que tem mais tempo de propaganda eleitoral na televisão, com 3 minutos e 39 segundos por bloco. A coligação Brasil da Esperança (PT, PC do B, PV, Psol, Rede, PSB, Pros, Solidariedade, Avante e Agir) tem 109 minutos e 30 segundos no total.

Ao contrário de 2018, quando tinha só 1,7% do tempo de TV e rádio, o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem o 2º maior espaço. São 2 minutos e 38 segundos por bloco para a coligação Pelo Bem do Brasil (PL, PP e Republicanos). Ao todo, o atual presidente alcançará 79 minutos de propaganda.

Luciana, no entanto, ressalta que é muito difícil comparar audiências da internet com as da televisão.

“Não podemos hoje, e nem iremos conseguir matematicamente, mensurar o efeito de uma campanha na internet. Por exemplo, não sabemos o caminho que uma informação faz ao sair de um Twitter, ir para o Telegram e passar pelo WhatsApp. Percebi que há uma certa expectativa em relação à TV que não me parece que vai repetir”, explica.

- Poder360

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