Lula avalia criação do 39º ministério para acomodar o Centrão sem fazer demissões


Lula avalia criação do 39º ministério para acomodar o Centrão sem fazer demissões

Após anunciar a criação do Ministério da Média e Pequena Empresa, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva avalia criar mais uma pasta para abrir espaço para a entrada do Centrão em seu governo. A ideia é dividir o Ministério do Desenvolvimento Social, hoje ocupado pelo ministro Wellington Dias, e entregar uma das partes ao PP, partido do presidente da Câmara, Arthur Lira (AL). Com isso, Lula terá 39 ministérios, igualando-se ao governo de Dilma Rousseff, e não precisará demitir nenhum dos atuais integrantes do primeiro escalão para acomodar os novos aliados.

Pelo desenho discutido nesta quarta-feira no Palácio do Planalto, o Republicanos, o outro partido que negocia sua adesão ao governo, ficará com o Ministério de Portos e Aeroportos. O indicado pela legenda é o deputado Silvio Costa Filho (PE). 
 
O anúncio da conclusão da reforma ministerial, que se arrasta há quase dois meses, deve ocorrer apenas na semana que vem. De acordo auxiliares do presidente, embora esteja praticamente definido que o Ministério do Desenvolvimento Social será fatiado, ainda falta acertar detalhes como o os nomes de cada pasta e as estruturas que cada uma carregará.

Uma delas cuidará do Bolsa Família e do programa de combate à fome e a outra, que deve ficar sob o comando do deputado André Fufuca (PP-MA), dos demais programas de assistência social.

Na quarta-feira, Wellington Dias afirmou ser contra a divisão do seu ministério e disse que os programas de assistência só funcionam se estiverem juntos.

— O alicerce de tudo são os sistemas, está na Constituição, está na lei orgânica da assistência social. O alicerce é um sistema e uma rede, são dois sistemas: o Sistema Único da Assistência Social (Suas) e o Sistema da Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan). De um lado, redução da fome e, de outro, redução da pobreza, só funciona juntos. Não existe Bolsa Família sem Cadastro Único, não existe Cadastro Único sem o CRAS, sem as redes, argumenta o ministro.

Mesmo assim, no Planalto, a avaliação é que não há alternativa diante da insistência do PP de comandar uma pasta com capilaridade nacional e possibilidade de fazer atendimento direto à população. Aliados de Lula dizem que Dias deve ficar descontente com o resultado da reforma, mas, dado a sua relação histórica com o presidente, não fará nenhum movimento contra o governo.

Já a troca do comando do Ministério de Portos e Aeroportos passou a ser vista com mais preocupação nos últimos dias, diante da resistência de Márcio França (PSB), atual titular, de deixar o cargo. França tem argumentado que seria temerário entregar o comando do Porto de Santos, atualmente sob o seu guarda-chuva, ao Republicanos, partido do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. O ex-ministro de Jair Bolsonaro é adversário político de Lula e possível candidato a presidente na eleição de 2026. Outra ponderação é que o movimento pode fortalecer o adversário do governo no maior estado do país e impactar nos planos do grupo político para tentar conquistar o Palácio dos Bandeirantes.

França tem sua base política na Baixa Santista, o que aumenta a sua resistência a entregar o comando do ministério que cuida do porto local. Por causa disso, o governo ainda discute o destino dele.

O plano inicial era realocá-lo no Ministério da Pequena e Média Empresa, cuja recriação foi anunciada na terça-feira por Lula durante a sua live semanal. A pasta será desmembrada do Ministério da Indústria e Comércio, comandado pelo vice Geraldo Alckmin, também do PSB. O posto, porém, não agrada França.

Diante desse cenário, ainda existe a possibilidade de que o atual titular dos Portos e Aeroportos fique com a Ciência e Tecnologia. Se isso ocorrer, Luciana Santos (PCdoB), atualmente em Ciência e Tecnologia, iria para a pasta de Pequena e Média Empresas. Por ser aliada histórica do PT e presidente de partido, Santos não deve ficar sem ministério.

Recorde de ministérios

Caso a divisão do Desenvolvimento Social se confirme, Lula igualará o recorde de ministérios de um governo desde a redemocratização. Durante o primeiro mandato de Dilma Rousseff (2011-2014), o total de pastas também chegou a 39.

Nesta quinta-feira, Lula voará ao Piauí acompanhado dos três dos auxiliares que deverão ser afetados com as mudanças: Wellington Dias, Márcio França e Rita Serrano, presidente da Caixa. Há expectativa de que no voo de até três horas até Teresina Lula sinalize que precisará fazer as mudanças.

Lula vai lançar o programa Brasil Sem Fome, uma nova versão do Fome Zero. O lançamento no Estado de Wellington Dias foi uma escolha do presidente Lula para fazer um gesto de desagravado em meio a pressão sofrida pelo aliado pela reforma ministerial.

No Planalto, houve discussão de qual melhor momento para anunciar a provável divisão do ministério de Dias: se antes do lançamento do Brasil Sem Fome ou depois. Dias é um dos petistas mais próximos do presidente e Piauí foi o Estado que deu maior votação para Lula nos dois turnos da eleição. Em Teresina, Lula deve exaltar o aliado e, na hipótese de anunciar as mudanças, usar tom de que as alterações no ministério irão fortalecer a área social do governo.

Na noite de segunda-feira, a pedido do presidente, os ministros Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais) ofereceram os Ministério de Pequena e Média Empresas ao Republicanos. A oferta foi feita diretamente ao deputado Silvio Costa Filho e o líder do Republicanos Hugo Motta, que rejeitaram a pasta e reforçaram o desejo de ocupar Portos e Aeroportos.

Costa Filho e Motta já haviam sinalizado em uma conversa com Lula, que ocorreu antes do presidente viajar à África, que a legenda aceitava abrir mão do Esporte. A pasta foi primeiro pedido da sigla feito ao Planalto, mas o partido desistiu devido a blindagem feita à ministra Ana Moser. O presidente ouviu que o desejo da sigla era ficar com Portos e Aeroportos. Na quarta-feira, Silvio Costa Filho e Fufuca tiveram uma nova reunião com os ministros Padilha e Rui Costa.
POR:
O Globo
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