Pelo terceiro mês consecutivo, Pernambuco registra explosão no número de mortes violentas. De acordo com a Secretaria de Defesa Social (SDS), 319 pessoas foram vítimas em setembro de 2023. No mesmo período do ano anterior, foram somados 222 ocorrências. Isso significa que houve um aumento de 43,68%.
O número de mortes violentas registrado em setembro é o pior do ano em Pernambuco até agora. Além disso, a quantidade de vítimas é a maior, em um único mês, desde março de 2022 - quando 344 pessoas foram mortas.
As estatísticas reforçam, novamente, a necessidade de o governo do Estado criar ações imediatas para conter o avanço da criminalidade e diminuir a violência que atinge a sociedade. Além disso, falta uma explicação da SDS sobre essas altas taxas de crimes contra a vida nos últimos três meses.
Inclusive, em setembro houve aumento de mortes violentas em todas as regiões do Estado. (Veja detalhamento mais abaixo).
No acumulado deste ano, 2.720 mortes já foram contabilizadas pela polícia. No mesmo período de 2022, foram 2.544. O crescimento é de 6,9%.
Quando se fala em mortes violentas, como elas atualmente são classificadas pela SDS, estão sendo englobados os crimes de homicídios, latrocínios, feminicídios, lesões corporais seguidas de morte e óbitos decorrentes de intervenções policiais.
Ao mesmo tempo em que a violência cresce, o governo do Estado atrasa a apresentação do Plano Estadual de Segurança e Defesa Social, que fará parte do Juntos pela Segurança. A promessa, feita pela governadora Raquel Lyra em 31 de julho, foi de que as novas ações da política de segurança, em substituição ao Pacto pela Vida, seriam apresentadas no dia 28 de setembro, o que não ocorreu. O governo ainda não anunciou a previsão da nova data.
De acordo com a SDS, 303 mortes foram somadas pela polícia em agosto. O aumento foi de 38,9% em relação ao mesmo período de 2022, quando 218 pessoas foram mortas. Já em julho deste ano, 308 mortes violentas foram contabilizadas. O crescimento foi de 26,2% em relação ao mesmo período do ano passado, quando 244 crimes contra a vida foram somados.
Em participação no debate da Rádio Jornal sobre segurança pública, nessa quinta-feira (5), a socióloga e coordenadora executiva do Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (Gajop), Edna Jatobá, demonstrou preocupação com a falta de diálogo da atual gestão e o atraso na apresentação das ações de combate à violência.
"A Secretaria (de Defesa Social) precisa mostrar para a sociedade, a partir do debate público e ampliado, o que é que tem sido feito e fazer a justificativa de o porquê, até agora, nove meses depois, não temos um plano de segurança. Como é que Pernambuco, com os indicadores que possui, passa nove meses sem uma estratégia central de segurança pública para diminuir as mortes violentas letais intencionais?", afirmou.
"Não estou dizendo que a secretaria não está fazendo nada. Óbvio que está fazendo alguma coisa. Mas ela precisa dialogar, ainda mais num momento de troca, quando a sociedade começa a entender como vai ser tratada a segurança pública a partir de agora", completou.
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AVANÇO DA VIOLÊNCIA POR REGIÃO DE PERNAMBUCO
As estatísticas divulgadas pela SDS revelaram que houve aumento da violência letal em todas as regiões de Pernambuco no último mês de setembro.
A maior variação identificada foi na Região Metropolitana do Recife (RMR). Na região, 143 pessoas foram mortas no mês passado. Já em setembro de 2022, foram 96. O crescimento foi de 48,9%.
No Agreste, 79 mortes violentas foram somadas pela polícia em setembro de 2023. Foram 12 casos a mais do que no mesmo período do ano passado.
Já na Zona da Mata, 55 mortes foram contabilizadas. Vinte e uma a mais que em setembro de 2022.
Por fim, no Sertão, 45 pessoas foram mortas no mês passado, sendo 17 a mais que no mesmo período do ano passado.
FEMINICÍDIOS TAMBÉM CRESCERAM EM SETEMBRO
Os casos de feminicídio em Pernambuco também cresceram no último mês de setembro. Foram dez vítimas, segundo as estatísticas da SDS. No mesmo período do ano passado, uma mulher foi morta.
No acumulado do ano, a polícia já somou 58 casos de feminicídio. No mesmo período de 2022, foram 56.
O QUE DIZ A SDS SOBRE O NOVO PLANO DE SEGURANÇA?
Ao JC, a SDS informou que aguarda a conclusão da compilação e revisão das propostas enviadas pela sociedade durante o Ouvir para Mudar - processo de escuta popular realizado pelo governo, que já foi finalizado no dia 27 de setembro.
"A pasta reforça que tem trabalhado de forma contínua para apresentar à população de Pernambuco todos os detalhes acerca do Programa Juntos pela Segurança, que já realizou a entrega de 7 mil coletes à prova de bala e 415 novas viaturas, 7 carros específicos para busca, salvamento e resgate dos Bombeiros, além de mais de 20 milhões de na modernização de armamentos", declarou, em nota, a assessoria.
De acordo com o governo de Pernambuco, o Juntos Pela Segurança tem recursos garantidos na ordem de R$ 1 bilhão. Desse montante, o Executivo direcionar R$ 660 milhões para investimentos e R$ 350 milhões para contratação de novos profissionais.
Entre as ações anunciadas, o Juntos Pela Segurança também conta com a entrega de novas viaturas da PM, substituição de até 35 mil lâmpadas nos territórios que concentram mais de 90% dos crimes violentos. Essa ação está prevista no programa Ilumina PE.
TITULARES DA SDS FORAM SUBSTITUÍDOS
Um mês após o lançamento do Juntos pela Segurança, a delegada federal Carla Patrícia Cunha, que comandava a SDS, deixou a pasta. Em carta apresentada à governadora, ela afirmou ter tomado a decisão por "questões pessoais". Nos bastidores do Palácio do Campo das Princesas, a informação é de que a relação entre a ex-secretária e Raquel Lyra estava desgastada.
Com a saída de Carla, o também delegado federal Alessandro Carvalho foi convidado e aceitou assumir a SDS. Ele já esteve à frente da pasta de dezembro de 2013 até outubro de 2016 (no final do governo Eduardo Campos; na gestão de João Lyra Neto, pai de Raquel; e no começo do governo Paulo Câmara). Antes disso, também foi secretário executivo de Defesa Social (2010- 2013).
Carvalho deixou a SDS em um momento muito conturbado, sendo substituído pelo delegado federal aposentado Angelo Fernandes Gioia (que ficou menos de um ano no cargo). Na época, os índices de violência atingiam resultados muito negativos. Além disso, a relação entre Carvalho e representantes dos sindicatos e associações de profissionais da segurança pública estava bastante complicada.
O então secretário-executivo de Defesa Social, Alexandre Alves, também deixou o cargo no mês passado. No lugar dele, assumiu a delegada federal Dominique de Castro Oliveira. (Via: Ronda Jc)
O número de mortes violentas registrado em setembro é o pior do ano em Pernambuco até agora. Além disso, a quantidade de vítimas é a maior, em um único mês, desde março de 2022 - quando 344 pessoas foram mortas.
As estatísticas reforçam, novamente, a necessidade de o governo do Estado criar ações imediatas para conter o avanço da criminalidade e diminuir a violência que atinge a sociedade. Além disso, falta uma explicação da SDS sobre essas altas taxas de crimes contra a vida nos últimos três meses.
Inclusive, em setembro houve aumento de mortes violentas em todas as regiões do Estado. (Veja detalhamento mais abaixo).
No acumulado deste ano, 2.720 mortes já foram contabilizadas pela polícia. No mesmo período de 2022, foram 2.544. O crescimento é de 6,9%.
Quando se fala em mortes violentas, como elas atualmente são classificadas pela SDS, estão sendo englobados os crimes de homicídios, latrocínios, feminicídios, lesões corporais seguidas de morte e óbitos decorrentes de intervenções policiais.
Ao mesmo tempo em que a violência cresce, o governo do Estado atrasa a apresentação do Plano Estadual de Segurança e Defesa Social, que fará parte do Juntos pela Segurança. A promessa, feita pela governadora Raquel Lyra em 31 de julho, foi de que as novas ações da política de segurança, em substituição ao Pacto pela Vida, seriam apresentadas no dia 28 de setembro, o que não ocorreu. O governo ainda não anunciou a previsão da nova data.
De acordo com a SDS, 303 mortes foram somadas pela polícia em agosto. O aumento foi de 38,9% em relação ao mesmo período de 2022, quando 218 pessoas foram mortas. Já em julho deste ano, 308 mortes violentas foram contabilizadas. O crescimento foi de 26,2% em relação ao mesmo período do ano passado, quando 244 crimes contra a vida foram somados.
Em participação no debate da Rádio Jornal sobre segurança pública, nessa quinta-feira (5), a socióloga e coordenadora executiva do Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (Gajop), Edna Jatobá, demonstrou preocupação com a falta de diálogo da atual gestão e o atraso na apresentação das ações de combate à violência.
"A Secretaria (de Defesa Social) precisa mostrar para a sociedade, a partir do debate público e ampliado, o que é que tem sido feito e fazer a justificativa de o porquê, até agora, nove meses depois, não temos um plano de segurança. Como é que Pernambuco, com os indicadores que possui, passa nove meses sem uma estratégia central de segurança pública para diminuir as mortes violentas letais intencionais?", afirmou.
"Não estou dizendo que a secretaria não está fazendo nada. Óbvio que está fazendo alguma coisa. Mas ela precisa dialogar, ainda mais num momento de troca, quando a sociedade começa a entender como vai ser tratada a segurança pública a partir de agora", completou.
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AVANÇO DA VIOLÊNCIA POR REGIÃO DE PERNAMBUCO
As estatísticas divulgadas pela SDS revelaram que houve aumento da violência letal em todas as regiões de Pernambuco no último mês de setembro.
A maior variação identificada foi na Região Metropolitana do Recife (RMR). Na região, 143 pessoas foram mortas no mês passado. Já em setembro de 2022, foram 96. O crescimento foi de 48,9%.
No Agreste, 79 mortes violentas foram somadas pela polícia em setembro de 2023. Foram 12 casos a mais do que no mesmo período do ano passado.
Já na Zona da Mata, 55 mortes foram contabilizadas. Vinte e uma a mais que em setembro de 2022.
Por fim, no Sertão, 45 pessoas foram mortas no mês passado, sendo 17 a mais que no mesmo período do ano passado.
FEMINICÍDIOS TAMBÉM CRESCERAM EM SETEMBRO
Os casos de feminicídio em Pernambuco também cresceram no último mês de setembro. Foram dez vítimas, segundo as estatísticas da SDS. No mesmo período do ano passado, uma mulher foi morta.
No acumulado do ano, a polícia já somou 58 casos de feminicídio. No mesmo período de 2022, foram 56.
O QUE DIZ A SDS SOBRE O NOVO PLANO DE SEGURANÇA?
Ao JC, a SDS informou que aguarda a conclusão da compilação e revisão das propostas enviadas pela sociedade durante o Ouvir para Mudar - processo de escuta popular realizado pelo governo, que já foi finalizado no dia 27 de setembro.
"A pasta reforça que tem trabalhado de forma contínua para apresentar à população de Pernambuco todos os detalhes acerca do Programa Juntos pela Segurança, que já realizou a entrega de 7 mil coletes à prova de bala e 415 novas viaturas, 7 carros específicos para busca, salvamento e resgate dos Bombeiros, além de mais de 20 milhões de na modernização de armamentos", declarou, em nota, a assessoria.
De acordo com o governo de Pernambuco, o Juntos Pela Segurança tem recursos garantidos na ordem de R$ 1 bilhão. Desse montante, o Executivo direcionar R$ 660 milhões para investimentos e R$ 350 milhões para contratação de novos profissionais.
Entre as ações anunciadas, o Juntos Pela Segurança também conta com a entrega de novas viaturas da PM, substituição de até 35 mil lâmpadas nos territórios que concentram mais de 90% dos crimes violentos. Essa ação está prevista no programa Ilumina PE.
TITULARES DA SDS FORAM SUBSTITUÍDOS
Um mês após o lançamento do Juntos pela Segurança, a delegada federal Carla Patrícia Cunha, que comandava a SDS, deixou a pasta. Em carta apresentada à governadora, ela afirmou ter tomado a decisão por "questões pessoais". Nos bastidores do Palácio do Campo das Princesas, a informação é de que a relação entre a ex-secretária e Raquel Lyra estava desgastada.
Com a saída de Carla, o também delegado federal Alessandro Carvalho foi convidado e aceitou assumir a SDS. Ele já esteve à frente da pasta de dezembro de 2013 até outubro de 2016 (no final do governo Eduardo Campos; na gestão de João Lyra Neto, pai de Raquel; e no começo do governo Paulo Câmara). Antes disso, também foi secretário executivo de Defesa Social (2010- 2013).
Carvalho deixou a SDS em um momento muito conturbado, sendo substituído pelo delegado federal aposentado Angelo Fernandes Gioia (que ficou menos de um ano no cargo). Na época, os índices de violência atingiam resultados muito negativos. Além disso, a relação entre Carvalho e representantes dos sindicatos e associações de profissionais da segurança pública estava bastante complicada.
O então secretário-executivo de Defesa Social, Alexandre Alves, também deixou o cargo no mês passado. No lugar dele, assumiu a delegada federal Dominique de Castro Oliveira. (Via: Ronda Jc)