
Por Igor Maciel/JC
O levantamento divulgado pelo instituto Paraná Pesquisas em Pernambuco nesta segunda-feira não autoriza ainda conclusões apressadas sobre uma virada eleitoral, mas altera de forma relevante o desenho do tabuleiro para 2026. E algumas perspectivas sobre João Campos (PSB) e Raquel Lyra (PSD).
O dado central não está apenas nos percentuais isolados, e sim no movimento. Pela primeira vez, a vantagem de Campos começa a ser comprimida de maneira consistente, com recuo do prefeito do Recife e crescimento simultâneo da governadora.
Essa combinação muda o ambiente político e impõe novas leituras sobre o que parecia, até pouco tempo atrás, um cenário estabilizado. A vantagem dele está diminuindo. E ainda faltam dez meses para a eleição.
Os números do Instituto Paraná mostram isso com clareza. Na pesquisa espontânea, João Campos aparece com 23%, enquanto Raquel Lyra alcança 17,8%, distância ainda relevante, mas menor do que a registrada em levantamentos anteriores.
Na estimulada, a queda de quatro pontos do prefeito, de 57% para 53%, coincide com o avanço de sete pontos da governadora, que salta de 24% para 31%.
Não se trata de um dado isolado. Outras pesquisas recentes já vinham apontando esse mesmo deslocamento gradual, o que afasta a hipótese de ruído estatístico pontual.
Esse movimento coloca João Campos, pela primeira vez, numa zona de alerta real. Ele segue como favorito, mas passa a se aproximar de um patamar simbólico importante. A possibilidade de cair abaixo dos 50% deixaria de representar apenas liderança confortável para se transformar em disputa aberta, algo inédito até aqui desde que os levantamentos começaram a ser feitos entre os dois nomes.
Em eleições majoritárias, a perda de gordura costuma ter efeito psicológico tanto no eleitor quanto nos aliados, influenciando discurso, estratégia e capacidade de agregação. Perspectiva de poder é a base das alianças políticas. Perda ou redução de favoritismo costuma gerar clima de desconfiança.
Do outro lado, o crescimento da governadora encontra lastro político concreto. A melhora da intenção de voto dialoga diretamente com a recuperação dos índices de aprovação do governo estadual.
Em agosto, na mesma pesquisa Paraná, a governadora tinha números praticamente empatados entre aprovação e desaprovação (48% x 47%).
No levantamento mais recente, a aprovação chegou a 55%, enquanto a rejeição caiu para 40%. Esse dado ajuda a explicar a mudança de percepção captada pelas pesquisas qualitativas realizadas ao longo dos últimos anos.
Em 2023, predominava em relação à governadora o sentimento de frustração e expectativa não atendida. Em 2024, a leitura passou a ser a de que faltava tempo para a gestão mostrar resultados. Em 2025, ganhou força a avaliação de que a governadora está trabalhando.
A projeção para 2026, caso as entregas se consolidem, é a transição para a ideia de que o governo está entregando. Essa mudança de humor costuma ser decisiva em disputas com candidatos à reeleição.
Nunca é demais lembrar. Em abril de 2018, Paulo Câmara tinha uma rejeição de 62%. Seis meses depois venceu a eleição, no primeiro turno.
O calendário eleitoral transforma esse cenário em algo ainda mais sensível. Se decidir disputar o governo do estado, João Campos precisará se desincompatibilizar da prefeitura do Recife até o início de abril.
A partir desse momento, enfrentará uma campanha sem o cargo, enquanto Raquel Lyra seguirá no exercício do mandato, com visibilidade institucional e capacidade de agenda. Essa assimetria tende a pesar justamente no período em que as pesquisas podem indicar maior aproximação entre os dois.
Nesse contexto, a presença de Eduardo Moura (Novo) deixa de ser apenas estatística. Com quase quatro por cento na estimulada e em crescimento, ele se consolida como fator potencial de segundo turno, capaz de influenciar a dinâmica da disputa, especialmente se a diferença entre os dois principais candidatos continuar encolhendo. Em cenários apertados, mesmo candidaturas com pouco volume de votos podem ter peso estratégico.
Estes números do Paraná Pesquisa devem ser a última fotografia de 2025. Novos levantamentos só devem surgir entre fevereiro e março, período que antecede decisões cruciais em 2026. Até lá, a tendência observada agora não define vencedores, mas sinaliza que o jogo deixou de ser previsível. Não há mais favoritos.
O levantamento divulgado pelo instituto Paraná Pesquisas em Pernambuco nesta segunda-feira não autoriza ainda conclusões apressadas sobre uma virada eleitoral, mas altera de forma relevante o desenho do tabuleiro para 2026. E algumas perspectivas sobre João Campos (PSB) e Raquel Lyra (PSD).
O dado central não está apenas nos percentuais isolados, e sim no movimento. Pela primeira vez, a vantagem de Campos começa a ser comprimida de maneira consistente, com recuo do prefeito do Recife e crescimento simultâneo da governadora.
Essa combinação muda o ambiente político e impõe novas leituras sobre o que parecia, até pouco tempo atrás, um cenário estabilizado. A vantagem dele está diminuindo. E ainda faltam dez meses para a eleição.
Os números do Instituto Paraná mostram isso com clareza. Na pesquisa espontânea, João Campos aparece com 23%, enquanto Raquel Lyra alcança 17,8%, distância ainda relevante, mas menor do que a registrada em levantamentos anteriores.
Na estimulada, a queda de quatro pontos do prefeito, de 57% para 53%, coincide com o avanço de sete pontos da governadora, que salta de 24% para 31%.
Não se trata de um dado isolado. Outras pesquisas recentes já vinham apontando esse mesmo deslocamento gradual, o que afasta a hipótese de ruído estatístico pontual.
Esse movimento coloca João Campos, pela primeira vez, numa zona de alerta real. Ele segue como favorito, mas passa a se aproximar de um patamar simbólico importante. A possibilidade de cair abaixo dos 50% deixaria de representar apenas liderança confortável para se transformar em disputa aberta, algo inédito até aqui desde que os levantamentos começaram a ser feitos entre os dois nomes.
Em eleições majoritárias, a perda de gordura costuma ter efeito psicológico tanto no eleitor quanto nos aliados, influenciando discurso, estratégia e capacidade de agregação. Perspectiva de poder é a base das alianças políticas. Perda ou redução de favoritismo costuma gerar clima de desconfiança.
Do outro lado, o crescimento da governadora encontra lastro político concreto. A melhora da intenção de voto dialoga diretamente com a recuperação dos índices de aprovação do governo estadual.
Em agosto, na mesma pesquisa Paraná, a governadora tinha números praticamente empatados entre aprovação e desaprovação (48% x 47%).
No levantamento mais recente, a aprovação chegou a 55%, enquanto a rejeição caiu para 40%. Esse dado ajuda a explicar a mudança de percepção captada pelas pesquisas qualitativas realizadas ao longo dos últimos anos.
Em 2023, predominava em relação à governadora o sentimento de frustração e expectativa não atendida. Em 2024, a leitura passou a ser a de que faltava tempo para a gestão mostrar resultados. Em 2025, ganhou força a avaliação de que a governadora está trabalhando.
A projeção para 2026, caso as entregas se consolidem, é a transição para a ideia de que o governo está entregando. Essa mudança de humor costuma ser decisiva em disputas com candidatos à reeleição.
Nunca é demais lembrar. Em abril de 2018, Paulo Câmara tinha uma rejeição de 62%. Seis meses depois venceu a eleição, no primeiro turno.
O calendário eleitoral transforma esse cenário em algo ainda mais sensível. Se decidir disputar o governo do estado, João Campos precisará se desincompatibilizar da prefeitura do Recife até o início de abril.
A partir desse momento, enfrentará uma campanha sem o cargo, enquanto Raquel Lyra seguirá no exercício do mandato, com visibilidade institucional e capacidade de agenda. Essa assimetria tende a pesar justamente no período em que as pesquisas podem indicar maior aproximação entre os dois.
Nesse contexto, a presença de Eduardo Moura (Novo) deixa de ser apenas estatística. Com quase quatro por cento na estimulada e em crescimento, ele se consolida como fator potencial de segundo turno, capaz de influenciar a dinâmica da disputa, especialmente se a diferença entre os dois principais candidatos continuar encolhendo. Em cenários apertados, mesmo candidaturas com pouco volume de votos podem ter peso estratégico.
Estes números do Paraná Pesquisa devem ser a última fotografia de 2025. Novos levantamentos só devem surgir entre fevereiro e março, período que antecede decisões cruciais em 2026. Até lá, a tendência observada agora não define vencedores, mas sinaliza que o jogo deixou de ser previsível. Não há mais favoritos.


