Algumas
razões estão por trás do drama da água no Sertão do Pajeú. Certamente o
clima, responsável pela seca mais severa dos últimos sessenta anos no
semiárido, pode, quem sabe, responder pelo colapso dos principais
reservatórios do território. Quem não se lembra da barragem de Brotas na
lama em 2013? E não foi por falta de aviso…
Em
agosto daquele ano as organizações não governamentais e os movimentos
sociais realizaram audiência pública e alertaram: se não mudarmos a
forma como usamos a água, a barragem vai secar! Além de não comparecer à
audiência a população continuou a lavar calçadas, aguar a poeira das
ruas, encher barragens particulares de sítios e clubes, enfim,
comportou-se como se nem existisse seca.
E
a COMPESA, uma das empresas de distribuição de água mais ineficientes
do país, cujas perdas alcançam 53,8%, comparadas aos 45,1% de
desperdício na região Nordeste e bem acima do Brasil, que é de 37%,
segundo o Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento SNIS (2013),
continuou desperdiçando água em suas tubulações.
Estamos
diante de uma nova tragédia anunciada? Brotas secará novamente? Só Deus
poderá responder, mas se considerarmos que o reservatório está com
apenas 17% da sua capacidade e as previsões pluviométricas para o
período de março a maio são de chuvas abaixo da média histórica, em
torno de 251 mm, segundo a Agência Pernambucana de Água e Clima – APAC, a
possibilidade da barragem secar novamente é grande.
A
APAC também estima que o reservatório de Rosário esteja com apenas 4%
de sua capacidade para abastecer os municípios de Iguaracy, Ingazeira,
Tuparetama e São José do Egito.
Afinal,
se Rosário secar, de onde virá à água? As respostas são difíceis,
sabemos. Mas que tal começarmos pela necessidade de mais investimentos
públicos no setor, conclusão das obras da Adutora do Pajeú, modernização
das instalações de distribuição de água da COMPESA, mudança de hábitos
da população e repensar os empreendimentos demandadores de enormes
quantidades de água? Seria um bom começo…
* Afonso Cavalcanti é Engenheiro Florestal da Diaconia