Quando o Barão Pierre de Coubertin criou o pentatlo moderno e o incluiu nas Olimpíadas, em Estocolmo-1912, sonhava vê-lo tão popular quanto o pentatlo original o fora nos jogos da Antiguidade. O sonho do pai das Olimpíadas modernas nunca se concretizou. Mas o esporte que já nasceu olímpico se notabiliza por exigir de seus atletas um controle mental que desafia o entendimento da neurociência.
O pentatlo moderno já trouxe para o Brasil o bronze de Yane Marques em Londres-2012. Hoje, ela é a quarta do ranking, vai levar a bandeira na abertura da Rio-2016 e é esperança de nova medalha. Yane sabe que para ser pentatleta olímpica é essencial possuir nervos de aço. Ter concentração e habilidade para entrar em estados mentais nos quais a ciência ainda engatinha, como os mecanismos da regulação do estresse, do controle da dor e dos fluxos mentais de atenção. Correr, nadar, atirar, montar a cavalo e esgrimir bem só não basta.
A disputa final, que combina tiros de corrida com tiros de pistola — no tempo do barão era tiro mesmo, hoje é laser — parece ter saído de um laboratório de neurociência. É um teste perfeito para misturar o aparentemente inconciliável. Uma das primeiras coisas que os tiros de corrida fazem é levar à exaustão. E exaustão reduz a concentração e a coordenação. Porém, ambas são condição indispensável para acertar tiros — estes disparados por pistola — em tempo limitado sob pressão máxima. Nasce aí quase uma impossibilidade. O técnico e descobridor de Yane, Alexandre França, frisa que a pressão quebra muita gente aí:
— A coordenação motora necessária para o tiro é absurda. O gatilho é mais sensível e leve que o botão do controle remoto da TV. Imagine agora ter que disparar a 10 metros de distância vindo exausto de um quilômetro de corrida, em que você dá tudo de si. É preciso ter sangue frio, equilíbrio emocional e estratégia. É para os de mente poderosa — afirmou.
CONTROLE MENTAL
O esforço mental exigido pelo esporte de Yane é reconhecido por especialistas como algo extremamente desgastante.
— Gasta-se muita energia mental. O atleta precisa alternar em frações ínfimas, sem perceber, estágios mentais diferentes. Passa do controle da dor ao foco o tempo todo. Liga e desliga sistemas de uma complexidade enorme. O domínio disso é para poucos — explica o neurocientista Jorge Moll, diretor de pesquisa do Instituto D’Or e autor de trabalhos em revistas internacionais sobre sistemas cerebrais complexos.
Segundo Moll, o controle mental pode ser treinado e perfeiçoado com certas técnicas, como mindfulness, que busca a chamada atenção focada. Mas há pessoas que realmente nascem com essas habilidades. O resultado desse domínio parece se materializar nos nervos de aço de Yane. Seu técnico, Alexandre França, afirma que a capacidade de concentração que praticamente a isola do mundo no dia da competição lhe dá vantagens.
A pernambucana de 32 anos natural de Afogados de Ingazeira começou na natação. Hoje está entre as mais bem colocadas na esgrima e na equitação. Mas corrida, sabidamente, não é o seu forte. Porém, os segundos que perde nos pés, recupera a tiros de pistola. Yane é boa de mira e, segundo Alexandre, jamais perde a calma e o foco.
— Ela tem uma força mental absurda. É uma das coisas que mais chama atenção nela. Todo atleta de alto rendimento é focado. Mas a Yane realmente se destaca. E é preciso porque o fim da prova não perdoa — destaca França.
A própria Yane está certa disso:
— Cada prova tem seu momento mais difícil. Mas, de todos, o pior momento é a terceira volta da corrida do combinado— diz ela ao fazer referência ao fim da disputa corrida-tiro.
OBJETO DE ESTUDO
O pentatlo moderno já trouxe para o Brasil o bronze de Yane Marques em Londres-2012. Hoje, ela é a quarta do ranking, vai levar a bandeira na abertura da Rio-2016 e é esperança de nova medalha. Yane sabe que para ser pentatleta olímpica é essencial possuir nervos de aço. Ter concentração e habilidade para entrar em estados mentais nos quais a ciência ainda engatinha, como os mecanismos da regulação do estresse, do controle da dor e dos fluxos mentais de atenção. Correr, nadar, atirar, montar a cavalo e esgrimir bem só não basta.
A disputa final, que combina tiros de corrida com tiros de pistola — no tempo do barão era tiro mesmo, hoje é laser — parece ter saído de um laboratório de neurociência. É um teste perfeito para misturar o aparentemente inconciliável. Uma das primeiras coisas que os tiros de corrida fazem é levar à exaustão. E exaustão reduz a concentração e a coordenação. Porém, ambas são condição indispensável para acertar tiros — estes disparados por pistola — em tempo limitado sob pressão máxima. Nasce aí quase uma impossibilidade. O técnico e descobridor de Yane, Alexandre França, frisa que a pressão quebra muita gente aí:
— A coordenação motora necessária para o tiro é absurda. O gatilho é mais sensível e leve que o botão do controle remoto da TV. Imagine agora ter que disparar a 10 metros de distância vindo exausto de um quilômetro de corrida, em que você dá tudo de si. É preciso ter sangue frio, equilíbrio emocional e estratégia. É para os de mente poderosa — afirmou.
CONTROLE MENTAL
O esforço mental exigido pelo esporte de Yane é reconhecido por especialistas como algo extremamente desgastante.
— Gasta-se muita energia mental. O atleta precisa alternar em frações ínfimas, sem perceber, estágios mentais diferentes. Passa do controle da dor ao foco o tempo todo. Liga e desliga sistemas de uma complexidade enorme. O domínio disso é para poucos — explica o neurocientista Jorge Moll, diretor de pesquisa do Instituto D’Or e autor de trabalhos em revistas internacionais sobre sistemas cerebrais complexos.
Segundo Moll, o controle mental pode ser treinado e perfeiçoado com certas técnicas, como mindfulness, que busca a chamada atenção focada. Mas há pessoas que realmente nascem com essas habilidades. O resultado desse domínio parece se materializar nos nervos de aço de Yane. Seu técnico, Alexandre França, afirma que a capacidade de concentração que praticamente a isola do mundo no dia da competição lhe dá vantagens.
A pernambucana de 32 anos natural de Afogados de Ingazeira começou na natação. Hoje está entre as mais bem colocadas na esgrima e na equitação. Mas corrida, sabidamente, não é o seu forte. Porém, os segundos que perde nos pés, recupera a tiros de pistola. Yane é boa de mira e, segundo Alexandre, jamais perde a calma e o foco.
— Ela tem uma força mental absurda. É uma das coisas que mais chama atenção nela. Todo atleta de alto rendimento é focado. Mas a Yane realmente se destaca. E é preciso porque o fim da prova não perdoa — destaca França.
A própria Yane está certa disso:
— Cada prova tem seu momento mais difícil. Mas, de todos, o pior momento é a terceira volta da corrida do combinado— diz ela ao fazer referência ao fim da disputa corrida-tiro.
OBJETO DE ESTUDO