Pesquisa aponta que beber suco de uva em audiências aumenta em 31% as conciliações, diz juíza


Pesquisa aponta que beber suco de uva em audiências aumenta em 31% as conciliações, diz juíza

Experimento foi feito durante nove meses em disputas judiciais avaliadas pelas Varas de Família de Anápolis.
Suco de uva foi servido durante audiência de conciliação da Vara de Família de Anápolis — Foto: Arquivo Pessoal/Aline Tomás
Um estudo feito por uma juíza de Anápolis, a 55 km de Goiânia, revelou que a ingestão de suco de uva durante as audiências de conciliação da Varas de Família resultou em 30% a mais nos acordos do que naquelas sessões onde foram oferecidas somente água.
O levantamento foi feito pela juíza Aline Tomás, da 2ª Vara de Família, em 659 audiências realizadas no Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc) de Anápolis, que cuida por exemplo de divórcios. A proposta foi testar a glicobiologia no Judiciário. A pesquisa faz parte do trabalho de mestrado da magistrada apresentado na Universidade Federal de Goiás (UFG).
“Na Vara de Família é muito comum que a maioria dos conflitos se resolva com conciliação. Então já trabalhando nesta área e sendo uma entusiasta deste método de solucionar conflito, porque realmente eu sinto que meu o cliente do judiciário leva para casa aquela sensação de justiça maior do que quando eu sentencio impondo alguma coisa para ele”, contou.
Segundo a magistrada foi pesquisando modelos alternativos, que a permitissem receber melhor as pessoas, que ela descobriu um estudo internacional.
“Eu tomei ciência de um estudo realizado com juízes de Israel, no qual pesquisadores observaram o que acontecia com os juízes criminais após se alimentarem. E aí se observou que quando eles se alimentavam, logo em seguida, eles tendiam a ser mais favoráveis ao decidir sobre as prisões. Com a alimentação mais distante, o que acontecia era que eles tendiam a deixar as pessoas presas”, informou a juíza.Para Aline Tomás, este foi o que a incentivou a realizar a sua pesquisa.
“Fui estudar sobre o que acontecia com o alimento no corpo humano e me deparei com a glicobiologia. Aí já saindo do direito e entrando nesta área do orgânico, eu estudei que a glicose é o principal combustível do cérebro de qualquer ser humano”, comentou.
“Um gesto muito simples que faz ele sentir muito importante. E foi isso que me fez fazer a pesquisa. Eu queria que a pessoa se sentisse acolhida, tanto que organicamente comprovado, ciência, que a glicose ela faz transformação no corpo humano, que permitem a ela negociar melhor e se comunicar melhor. E conciliação é nada mais do que isso”, completou a juíza.
Foi a partir desta informação que ela resolveu fazer o experimento, dividindo as audiências em dois grupos. A escolha do suco de uva foi, segundo a magistrada, proposital.
“Para um eu ofereci apenas água e para o outro eu ofereci suco de uva. Por que o suco de uva? Porque eu precisava de um alimento que fosse forma líquida para ter uma absorção rápida, já que as audiências não são tão demoradas. Escolhi o artificialmente adoçado. A glicose que é adicionada ao suco normais, eu elegi o açúcar mesmo”, contou.
Resultado
Entre abril e dezembro do ano passado, a magistrada separou duas salas para efetuar as audiências.
“O que eu observei durante os nove meses de experimento foi que meu índice de conciliação aumentou em 31%. As pessoas que ingeriam apenas água acontecia como era antes. A gente atinge o índice de 45% de acordo quase que meio a meio, uma média constatada em quase todas as varas de família do estado. Quando as pessoas ingerem o suco isso sobe para 76%”, afirmou Aline.
Segundo ela, um estatístico acompanhou a pesquisa. Das 659 audiências, 304 ingeriram somente água e 345 ficaram no grupo de experimento, onde tinha o suco de uva. As análises foram feitas em ambientes com cenários bem semelhantes.
Tomás
“Para que a gente conseguisse isolar somente a variável suco de uva, os ambientes e tudo que acontecei ali eram semelhantes. Então a pessoa entra por uma sala única, que é uma recepção e ela vai para a direita ou esquerda. Isso é aleatório, porque a distribuição é feita pelo sistema do judiciário”, comentou.
Servir água é no judiciário durante as audiências é comum, mas a proposta agora da magistrada é que o experimento feito em Anápolis seja estendido a outras cidades do estado e até em todo o Brasil.
“Como a hipótese foi confirmada e isso pode impactar muito no judiciário até nacional, eu criei o Projeto Adoce, que é uma sigla na verdade, Acordo Após ingestão de Dextrose Observados de Conciliação judicias e Extrajudiciais”, afirmou.
Custo baixo
Agora, a magistrada apresentará ao Tribunal de Justiça de Goiás o Projeto Adoce, tendo em vista o custo baixo do experimento.
“Eu tenho o intuito de colocar em outras varas que também como carro-chefe a conciliação, porque é muito simples o procedimento e o custo por audiência é de R$ 2,90 sem mudar nada, eu não preciso de um orçamento, com um alimento de aceitação muito tranquila. Você não muda nada no procedimento que está todo feito. Não muda a estrutura”, informou.
Com o projeto, a intenção é seguir um protocolo e ser replicado em outras Varas de Famílias do estado de Goiás.
“A proposta é fazer até o final deste ano o mesmo levantamento feito em Anápolis. Uma vez comprovado, a gente pode estender para todas as varas de Goiás onde há conciliações e propor ao Conselho nacional de Justiça para seja aplicada nas varas de todo o Brasil”, disse Aline Tomás.
O projeto ainda não foi discutido totalmente com TJ, mas a juíza não vê dificuldades para sua extensão.
“No TJ inicialmente houve somente a propositura, nem nos reunimos ainda para a gente aparar as arestas de onde vai começar a aplicar. Para a gente realizar este experimento em Anápolis, o TJ precisou estar de acordo. O Tribunal só não replicou ainda, mas autorização foi dada durante todo o experimento”, finalizou.
Por Rodrigo Gonçalves, G1 GO

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