"Não vi como foi realizada bem essa pesquisa. O fato é que o presidente foi considerado culpado, responsável por crime de corrupção e lavagem de dinheiro, por várias instâncias da Justiça. Então a situação é no sentido de que as provas apontam que, infelizmente, ele se corrompeu", declarou Moro, ao deixar o seminário Supremo em Ação, realizado pelo Instituto de Estudos Jurídicos Aplicados, em Brasília.
"Mas como eu sempre repito, o ex-presidente [Lula] faz parte do [meu] passado. Não faz parte do meu presente e eu não tenho responsabilidade nenhuma sobre o que prossegue em relação na Justiça quanto a ele. Não é mais minha atribuição", concluiu o ministro.
De acordo com o levantamento, 54% dos entrevistados entendem que a libertação do petista foi justa, ante 42% que a consideram injusta. Disseram não saber 5% dos entrevistados. A pesquisa ouviu 2.948 pessoas na quinta (5) e sexta-feira (6) da semana passada em 176 municípios pelo país. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
Lula deixou a carceragem da Polícia Federal em Curitiba após cumprir 19 meses da pena por condenação de corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex de Guarujá (SP). A primeira sentença condenatória desse caso foi proferida por Moro, que era juiz da Lava Jato. O processo ainda tramita, e Lula tem parte da pena pendente.
O ex-presidente pôde voltar à liberdade após decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que mudou antigo entendimento da corte e considerou inconstitucional a prisão de réus condenados que ainda tenham recursos pendentes em cortes superiores, como é o caso do petista.
Há duas semanas, Lula teve confirmada em segunda instância outra condenação, no caso do sítio de Atibaia (SP). A pena foi ampliada para 17 anos e um mês de prisão. Também nesse caso, ele poderá aguardar em liberdade a tramitação dos recursos.
O processo do tríplex já teve mérito julgado no TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), de segunda instância, e no STJ (Superior Tribunal de Justiça), que reduziu em abril a pena para oito anos, dez meses e 20 dias de prisão.
No evento desta terça, Moro comentou ainda o resultado da pesquisa Datafolha que lhe colocou como o ministro mais bem avaliado do governo Jair Bolsonaro. Moro afirmou que assumiu o Ministério da Justiça em janeiro com o principal objetivo de reduzir os índices de criminalidade no país e que resultados nesse sentido têm sido alcançados.
"Minha avaliação é que é um saldo positivo", afirmou o ex-juiz, que citou que a cobertura da imprensa sobre a sua gestão às "vezes foca muito" em derrotas sofridas por ele no Legislativo. "O objetivo primário, pelo menos na parte criminal, é reduzir o índice de crimes.".
O levantamento revelou que Moro – conhecido por 93% dos entrevistados– conta com apoio popular maior do que o do próprio presidente.
Entre os que dizem conhecê-lo, 53% avaliam sua gestão no ministério como ótima/boa. Outros 23% consideram regular, e 21%, ruim/péssima –3% não souberam opinar. Bolsonaro tem indicadores mais modestos, de acordo com levantamento divulgado no domingo (8), com 30% de ótimo/bom, 32% de regular e 36% de ruim/péssimo –1% não soube avaliar. (Via: Agência Brasil)