
Mais de um terço de domicílios pesquisados em levantamento sobre qualidade do Censo Demográfico 2022, divulgado nesta quarta-feira (19), apresentaram divergências de informações. É o que mostrou a primeira etapa da Pesquisa de Pós-Enumeração (PPE) do Censo Demográfico 2022, anunciada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O estudo, amostral, é uma espécie de “revisão do Censo” e tem como objetivo voltar a domicílios já pesquisados na operação censitária para rechecar informações já coletadas e, com isso, mensurar qualidade e cobertura do Censo Demográfico.
A PPE abrange universo de 80 milhões de domicílios, e 152 milhões de pessoas, segundo o gerente da pesquisa, Gabriel Borges. Nesse universo, em escala nacional, 36,1% dos domicílios coletados apresentaram divergências que precisaram ser verificadas em processo chamado “reconciliação”. Esse trabalho, quando os domicílios são revisitados pelos pesquisadores do instituto, foi feito entre fevereiro e agosto de 2023. Os resultados desse processo serão anunciados na divulgação da segunda etapa da pesquisa, prevista para agosto desse ano.
Assim, Borges explicou que esse percentual de domicílios com divergências de informações não é definitivo. Isso porque foi gerado a partir de pareamento inicial de dados feito pelos pesquisadores do IBGE, e está sendo verificado no processo de reconciliação. Na prática, notou ele, essa parcela de 36,1% dos domicílios na PPE mudará, a depender do que foi apurado pelos técnicos do instituto, na reconciliação. “Pode ser que os pesquisadores confirmem os dados apurados pelo Censo”, disse, ao notar que isso faria diminuir essa parcela de domicílios com divergência de informações. “As divergências são de diferentes naturezas” acrescentou ele. Entre as citadas pelo pesquisador, estão nomes ou números errados de rua; ou quantidade de pessoas que vivem em um domicílio.
Na ótica regional, o IBGE informou que a região Norte foi a que apresentou maior percentual de domicílios enviados para a etapa da reconciliação: 43,4%. A região Sul, por sua vez, apresentou menor proporção de domicílios que precisaram ser reconciliados (30,9%).
Por Estados, os que tiveram maior proporção de envio de domicílios para processo de reconciliação foram o Amapá, com 49,1% das cidades com dados reconciliados, Pará (47,7%), Amazonas (47,1%), Roraima (44,5%) e Rio de Janeiro (44,5%). Por outro lado, Paraíba (27,3%), Piauí (28,4%) e Paraná (28,5%) foram os Estados em que menos de 30% de seus domicílios precisaram passar por processo de reconciliação.
Borges explicou que, na prática, essa primeira parte da PPE abrange mais análise de qualidade de conteúdo; enquanto a segunda parte englobará mais a qualidade da cobertura do Censo Demográfico. Ele ressaltou que em nenhum momento isso implica que os resultados do Censo mudarão, de alguma forma.
O IBGE detalhou, ainda, alguns indicadores que mudaram, entre o Censo e a PPE. No Censo, o IBGE informou que 3,7% dos domicílios ficaram sem entrevista de recenseador; na PPE essa parcela diminuiu para 3,2%. A fatia de domicílios para uso ocasional, como casas de veraneio por exemplo, subiu de 6% para 6,3% entre o Censo e a PPE. O número de logradouros excluídos aumentou de 6.118 para 6.770. O número de moradores de domicílio, por sua vez, diminuiu de 2,9 pessoas para 2,8 pessoas.
Mas, de maneira geral, o entendimento do instituto é que as informações coletadas no Censo ficaram bem próximas ao que foi investigado no âmbito do PPE, disse o técnico.
“Em relação a conteúdos analisados, a gente comparou relação de parentesco, cor ou raça, analfabetismo, sexo, idade”, disse Borges. Segundo ele, os dados indicam que houve algumas divergências consideradas naturais dentro do processo de condução de uma pesquisa dessa magnitude, “em que o IBGE, com centenas de milhares de recenseadores, vai aos domicílios brasileiros e faz entrevista em milhões de domicílios brasileiros”. “Então tem questões situacionais da entrevista que podem levar a alguma divergência”, afirmou.
O demógrafo José Eustáquio Diniz, ex-professor da Escola Nacional de Ciências Estatísticas (Ence) do IBGE concorda. “Eu estranharia se não houvesse divergências”, afirmou. “Uma certeza [sobre Censo Demográfico] é que o resultado nunca é 100%” disse.
No entanto, Diniz faz uma ressalva. A segunda etapa da PPE, que fará uma análise da cobertura do Censo, será extremamente relevante, em termos de política pública. “Por exemplo, temos uma população de 203 milhões de pessoas, pelo Censo. Se o IBGE, na segunda etapa da PPE, dizer que o Censo teve 1% de erro de cobertura, isso significa que não foram contabilizadas duas milhões de pessoas”, explicou. “Isso pode fazer diferença para governos se orientarem em cálculos de demanda de energia para a população quando se projeta a construção de uma hidrelétrica, por exemplo”, ponderou.
Valor
A PPE abrange universo de 80 milhões de domicílios, e 152 milhões de pessoas, segundo o gerente da pesquisa, Gabriel Borges. Nesse universo, em escala nacional, 36,1% dos domicílios coletados apresentaram divergências que precisaram ser verificadas em processo chamado “reconciliação”. Esse trabalho, quando os domicílios são revisitados pelos pesquisadores do instituto, foi feito entre fevereiro e agosto de 2023. Os resultados desse processo serão anunciados na divulgação da segunda etapa da pesquisa, prevista para agosto desse ano.
Assim, Borges explicou que esse percentual de domicílios com divergências de informações não é definitivo. Isso porque foi gerado a partir de pareamento inicial de dados feito pelos pesquisadores do IBGE, e está sendo verificado no processo de reconciliação. Na prática, notou ele, essa parcela de 36,1% dos domicílios na PPE mudará, a depender do que foi apurado pelos técnicos do instituto, na reconciliação. “Pode ser que os pesquisadores confirmem os dados apurados pelo Censo”, disse, ao notar que isso faria diminuir essa parcela de domicílios com divergência de informações. “As divergências são de diferentes naturezas” acrescentou ele. Entre as citadas pelo pesquisador, estão nomes ou números errados de rua; ou quantidade de pessoas que vivem em um domicílio.
Na ótica regional, o IBGE informou que a região Norte foi a que apresentou maior percentual de domicílios enviados para a etapa da reconciliação: 43,4%. A região Sul, por sua vez, apresentou menor proporção de domicílios que precisaram ser reconciliados (30,9%).
Por Estados, os que tiveram maior proporção de envio de domicílios para processo de reconciliação foram o Amapá, com 49,1% das cidades com dados reconciliados, Pará (47,7%), Amazonas (47,1%), Roraima (44,5%) e Rio de Janeiro (44,5%). Por outro lado, Paraíba (27,3%), Piauí (28,4%) e Paraná (28,5%) foram os Estados em que menos de 30% de seus domicílios precisaram passar por processo de reconciliação.
Borges explicou que, na prática, essa primeira parte da PPE abrange mais análise de qualidade de conteúdo; enquanto a segunda parte englobará mais a qualidade da cobertura do Censo Demográfico. Ele ressaltou que em nenhum momento isso implica que os resultados do Censo mudarão, de alguma forma.
O IBGE detalhou, ainda, alguns indicadores que mudaram, entre o Censo e a PPE. No Censo, o IBGE informou que 3,7% dos domicílios ficaram sem entrevista de recenseador; na PPE essa parcela diminuiu para 3,2%. A fatia de domicílios para uso ocasional, como casas de veraneio por exemplo, subiu de 6% para 6,3% entre o Censo e a PPE. O número de logradouros excluídos aumentou de 6.118 para 6.770. O número de moradores de domicílio, por sua vez, diminuiu de 2,9 pessoas para 2,8 pessoas.
Mas, de maneira geral, o entendimento do instituto é que as informações coletadas no Censo ficaram bem próximas ao que foi investigado no âmbito do PPE, disse o técnico.
“Em relação a conteúdos analisados, a gente comparou relação de parentesco, cor ou raça, analfabetismo, sexo, idade”, disse Borges. Segundo ele, os dados indicam que houve algumas divergências consideradas naturais dentro do processo de condução de uma pesquisa dessa magnitude, “em que o IBGE, com centenas de milhares de recenseadores, vai aos domicílios brasileiros e faz entrevista em milhões de domicílios brasileiros”. “Então tem questões situacionais da entrevista que podem levar a alguma divergência”, afirmou.
O demógrafo José Eustáquio Diniz, ex-professor da Escola Nacional de Ciências Estatísticas (Ence) do IBGE concorda. “Eu estranharia se não houvesse divergências”, afirmou. “Uma certeza [sobre Censo Demográfico] é que o resultado nunca é 100%” disse.
No entanto, Diniz faz uma ressalva. A segunda etapa da PPE, que fará uma análise da cobertura do Censo, será extremamente relevante, em termos de política pública. “Por exemplo, temos uma população de 203 milhões de pessoas, pelo Censo. Se o IBGE, na segunda etapa da PPE, dizer que o Censo teve 1% de erro de cobertura, isso significa que não foram contabilizadas duas milhões de pessoas”, explicou. “Isso pode fazer diferença para governos se orientarem em cálculos de demanda de energia para a população quando se projeta a construção de uma hidrelétrica, por exemplo”, ponderou.
Valor