“Missão dada por Lula fez o BNB crescer 40%”, diz Paulo Câmara


“Missão dada por Lula fez o BNB crescer 40%”, diz Paulo Câmara

O presidente do Banco do Nordeste, Paulo Câmara, afirmou que a instituição cresceu 40% nos últimos dois anos como resultado direto de uma missão atribuída pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo ele, o pedido do petista foi claro: ampliar o microcrédito, reduzir entraves operacionais e fazer o dinheiro chegar com mais agilidade aos pequenos empreendedores da região.

Ex-governador de Pernambuco por dois mandatos, Câmara declarou ao Poder360 que o banco bateu recordes de contratações em 2024, com R$ 61 bilhões em operações, e registrou a menor inadimplência da história: 1,8%.

A carteira de microcrédito, formada pelos programas Crediamigo e Agroamigo, representa hoje 1/3 das operações da instituição. E esse dinheiro, diz, estaria promovendo uma mudança na hierarquia familiar do dinheiro na região, já que 7 em 10 beneficiários do Crediamigo são mulheres.

“O banco tem capilaridade, vai do pequeno ao grande. Mas nossa missão principal é gerar desenvolvimento com inclusão. E os resultados mostram que estamos no caminho certo”, afirmou.

Câmara tem 52 anos e preside o banco desde janeiro de 2023. Antes, foi governador de Pernambuco por 2 mandatos e secretário de Administração, de  Turismo e da Fazenda do Estado.

Agora, como operador do mercado, disse que o banco é um dos principais financiadores de energia renovável no país, com foco em projetos de energia solar e eólica no Nordeste. E que esse foco será ampliado. Assim como o investimento em saneamento básico.

Segundo ele, o BNB continuará atuando de forma regional, mas busca ampliar sua capacidade de financiamento por meio de parcerias com organismos multilaterais como o Banco Mundial, o BID e o Banco do NDB (Novo Banco de Desenvolvimento, conhecido como banco dos Brics).

Leia trechos da entrevista: 

O senhor completou 2 anos à frente do Banco do Nordeste. Quais foram os maiores desafios e principais entregas nesse período?

Chegamos com a missão dada pelo presidente Lula de fazer o banco crescer e tornar o crédito mais acessível, com menos burocracia. O banco atua em várias frentes: microcrédito, pequenas e médias empresas, infraestrutura, energia renovável, além de setores estratégicos como agricultura, turismo, comércio e serviços — que são pilares da economia nordestina. Temos os 2 maiores programas de microcrédito do país: o Crediamigo (urbano) e o Agroamigo (rural), com mais de 3 milhões de clientes. Nesses dois anos, o banco cresceu cerca de 40%. Ampliamos contratações e desembolsos. Antes, havia um problema recorrente: o banco contratava, mas o dinheiro não chegava. Corrigimos isso. Batemos recordes de lucro e de operações em toda a região. E, em 2024, alcançamos a menor taxa de inadimplência da história: 1,8%.

O banco tem atuação regional, mas movimenta cifras relevantes. Qual foi o volume contratado em 2024?

No ano passado, o banco contratou R$ 61 bilhões —o maior valor da história. Atendemos os 9 Estados do Nordeste e também o norte de Minas e do Espírito Santo. São mais de 2.000 municípios. Esses recursos vêm do Fundo Constitucional, que permite oferecer crédito com taxas reduzidas e distribuídos conforme diretrizes claras. Cerca de 62% vão para microcrédito, micro e pequenas empresas e pequenos produtores —até o porte de pequeno-médio, com faturamento de até R$ 16 milhões. Os 38% restantes vão para médios e grandes.
Financiamos desde agricultura familiar até infraestrutura, passando por turismo, indústria e energia renovável. Temos apoiado programas como o Nova Indústria Brasil, o Acredita e projetos do novo PAC. O Nordeste cresceu mais que o Brasil nos últimos 2 anos. O banco tem participação direta nesse resultado.

Quanto foi investido na transição energética nos últimos anos?

Somos hoje o principal agente financiador de energia solar e eólica no Nordeste. E o foco não é só nos grandes projetos. Temos a linha FNE Sol, voltada ao pequeno empreendedor ou produtor rural que deseja reduzir a conta de luz com energia solar. Nosso compromisso com a sustentabilidade é central. O desenvolvimento que buscamos é econômico, mas também social e ambiental. Queremos crescer gerando renda, reduzindo desigualdade e protegendo o meio ambiente.

O banco não financia governos, mas mantém diálogo com os Estados. Como isso acontece?
Minha experiência como ex-governador me permite entender melhor as demandas estaduais. Tenho conversado com todos os governadores da região. Eles apresentam suas prioridades, e buscamos apoiar via parcerias. Hoje, há um alinhamento entre o governo federal e os entes subnacionais. O banco está integrado a ações do novo PAC, do Nova Indústria Brasil e do programa Acredita. Voltamos a financiar saneamento —foram cerca de R$ 5 bilhões em 2 anos. No governo anterior, foram só R$ 400 milhões. Esse é um exemplo da mudança de postura.

Qual é o tamanho atual da carteira de microcrédito?

Em 2023, só com o Crediamigo, liberamos R$ 12 bilhões. A meta para 2024 é chegar a R$ 13 bilhões. No Agroamigo, foram mais R$ 8 bilhões. Juntos, esses 2 programas representam quase um terço da carteira do banco. O tíquete médio é de R$ 3.000, podendo chegar a R$ 21.000. Mas o diferencial não é só o dinheiro, é o crédito orientado. Isso explica a baixa inadimplência e os bons resultados. Sete em cada 10 clientes do Crediamigo são mulheres. Vemos uma transformação concreta na vida dessas pessoas.

Qual é a taxa de inadimplência no microcrédito?

Foi de 2% em 2023. Isso é resultado da metodologia, que envolve acompanhamento, orientação e foco no sucesso do cliente. Não queremos apenas emprestar: queremos que o cliente cresça, pague e possa acessar novos créditos. O Banco do Nordeste é o maior operador de microcrédito do Brasil —e, possivelmente, das Américas.

Outros bancos públicos têm expandido atuação. Qual é a estratégia do BNB?

Nosso foco continua sendo o Nordeste. O Fundo Constitucional teve aumento de 18% e queremos crescer 20%. Só com esses recursos, esperamos desembolsar R$ 48 bilhões este ano. Com outras fontes, podemos ultrapassar os R$ 70 bilhões. Estamos em tratativas com o Banco Mundial, o BID, o Banco do BRICS e buscamos novos fundos para ampliar nossa capacidade de financiamento. Também mantemos diálogo constante com BNDES, Banco do Brasil, Caixa e Banco da Amazônia para evitar sobreposição e garantir complementaridade.

O presidente Lula é crítico da taxa Selic. Como ela afeta o banco?

O Banco do Nordeste tem uma vantagem: o Fundo Constitucional, que é composto por recursos do IR e do IPI. Com isso, conseguimos operar com juros entre 8% e 10% ao ano —abaixo da Selic e próximos à inflação. Isso torna o banco muito procurado. Por isso, temos que ser ainda mais criteriosos para garantir que o crédito chegue a quem realmente precisa. Porque a demanda vem de todos os lados.

O mercado tem feito críticas ao governo. O senhor vê exageros?

Sim. O presidente Lula está reconstruindo o país. Eu fui governador e sei o que aconteceu. Houve muitos retrocessos. Hoje, temos crescimento acima do previsto, geração de empregos, expansão do crédito. A economia está reagindo. As críticas, em muitos casos, não se sustentam diante dos resultados.

Como o senhor projeta os próximos dois anos, com inflação em alta e tensão internacional?

Vejo com otimismo. O ministro [Fernando] Haddad tem sido correto e transparente. As políticas de desenvolvimento estão ganhando capilaridade e vão mostrar ainda mais resultados. Vamos crescer com responsabilidade, geração de emprego, renda e sustentabilidade. O Brasil voltou a ter previsibilidade, degrau por degrau.

O senhor pretende disputar algum cargo em 2026?

Não. Estou focado na missão de presidir o Banco do Nordeste até 2026. Tenho orgulho de contribuir com o desenvolvimento da região. Fui secretário, fui governador. Vivi momentos difíceis, como a pandemia, e cumpri meu papel. Agora, quero concluir esse novo ciclo com responsabilidade.

Poder360

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