
A mansão estava vazia. Silenciosa. Do lado de fora, a segurança, reforçada. Em uma sala de TV, brinquedos espalhados, deixados para trás. Sua família evadira-se para Nova York dias antes. Naquela noite de abril, Joesley Batista tentava conceber como chegara ali, à condição de delator. “Eu sempre achei que crime organizado era coisa de assaltante de banco, de ladrão de gado, de gente com espingarda em beira de estrada...”, disse. Não havia melancolia ou remorso em sua confissão. Numa cadeira na varanda de sua casa no Jardim Europa, bairro mais do que nobre de São Paulo, vestindo o uniforme dos empreendedores de sua geração (camisa branca e blazer escuro), Joesley resgatava na memória o momento em que se deu conta de que ele próprio era membro de uma organização criminosa.
Contou que começou a assimilar o conceito do crime sem armas quando o Congresso aprovou a Lei Anticorrupção, em 2013, que previa pesadas punições a empresas que pagassem propinas a agentes públicos (essa mesma lei prevê a “ação controlada” a que a Polícia Federal recorreu com Joesley para armar os flagrantes que demoliriam nossa já combalida República).
A ficha de que ele poderia ser enquadrado como um criminoso foi caindo conforme Joesley, que sempre se gabou de não ler jornais e revistas, passou a acompanhar o noticiário sobre a Operação Lava Jato. “De repente, fui ‘veno’ que era crime organizado”, disse o empresário, que engole os “d” dos gerúndios. Ele se identificou com aqueles outros empresários, em sua maioria empreiteiros, imiscuídos com políticos, abastecendo de dinheiro sujo suas campanhas e comprando deles as leis que lhes interessavam. Joesley se reconheceu neles. E agiu.
Contou que começou a assimilar o conceito do crime sem armas quando o Congresso aprovou a Lei Anticorrupção, em 2013, que previa pesadas punições a empresas que pagassem propinas a agentes públicos (essa mesma lei prevê a “ação controlada” a que a Polícia Federal recorreu com Joesley para armar os flagrantes que demoliriam nossa já combalida República).
A ficha de que ele poderia ser enquadrado como um criminoso foi caindo conforme Joesley, que sempre se gabou de não ler jornais e revistas, passou a acompanhar o noticiário sobre a Operação Lava Jato. “De repente, fui ‘veno’ que era crime organizado”, disse o empresário, que engole os “d” dos gerúndios. Ele se identificou com aqueles outros empresários, em sua maioria empreiteiros, imiscuídos com políticos, abastecendo de dinheiro sujo suas campanhas e comprando deles as leis que lhes interessavam. Joesley se reconheceu neles. E agiu.