A atuação desses grupos, tanto universitários quanto secundaristas, não
se restringe ao espaço acadêmico, diz a estudante de história da UFJF
Paloma Silva, 24, que participou da União da Juventude Comunista da
universidade e hoje milita em um coletivo feminista.
"Além de levar
reivindicações dos alunos para a coordenação, o movimento atua na
cidade, organizando atos como o do passe livre, por melhorias na saúde,
na educação, por maior participação da classe trabalhadora nas
decisões", diz ela.
Juiz de Fora também é reconhecida por ter uma
comunidade LGBT forte e organizada. Em 2000, foi uma das primeiras
cidades a aprovar uma lei contra a discriminação, a chamada Lei Rosa,
que prevê punição a quem desrespeitar homossexuais, bissexuais ou
transgêneros.
Se no nível nacional os votos pendem para o PT, no
municipal a dinâmica política é menos unilateral. Nas últimas três
eleições para prefeito a candidata do partido, Margarida Salomão, foi
derrotada nas urnas por opositores de PSDB e MDB. Ela cumpre, porém, seu
segundo mandato como deputada federal.
"Do ponto de vista local, a
dinâmica é mais em torno de lideranças do que partidária", diz o
pesquisador Figueira. Nos últimos 35 anos, foram apenas quatro prefeitos
eleitos, variando entre MDB, PRN (atual PTC), PSDB e PTB.
A cidade
mineira — que fica mais próxima da antiga capital federal, o Rio (190
km), do que de Belo Horizonte (260 km) — carrega uma longa história de
industrialização, movimentos sindicais e produção de lideranças, tanto à
esquerda quanto à direita.
A mais famosa delas é do ex-presidente
Itamar Franco (1930-2011), duas vezes prefeito de Juiz de Fora e uma vez
governador de Minas. A figura de Itamar foi evocada na gestão do
prefeito eleito nos dois últimos pleitos, Bruno Siqueira (MDB), cujo pai
era muito próximo do ex-presidente.
Mas Siqueira deixou a prefeitura
em abril para concorrer ao Senado, o que acabou não acontecendo por
problemas de articulação política. Quem administra a cidade atualmente é
seu vice, Antônio Almas (PSDB).
Apesar do perfil universitário e
aberto a homossexuais, Juiz de Fora carrega fortes características de
cidade interiorana e conservadora, inclusive na Câmara Municipal.
"Se
você for em alguns bairros mais na ponta, parece uma cidadezinha do
interior, com forró, pessoas que se sustentam do plantio", destaca Júlio
Delgado, deputado federal pelo PSB e filho de Tarcísio Delgado, que foi
um dos que se revezaram na prefeitura nas últimas décadas.
Também
compõe esse cenário uma grande presença militar. "Aqui tem um
contingente militar muito consistente. Existem várias unidades
militares, incluindo dois batalhões do Exército e três batalhões da PM",
diz o político.
Foi de Juiz de Fora que saíram as tropas que
culminaram no golpe de 1964, e muitos opositores da ditadura foram
torturados ali. O episódio foi relembrado por alguns depois do atentado a
Bolsonaro. (Via: Folhapress)
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