Somente Espírito Santo, Goiás, Pernambuco e Sergipe obtiveram avanço
considerável desde 2007. No intervalo, essas redes subiram ao menos 12
pontos na escala de notas nas duas disciplinas. Essa variação é
considerada relevante por estudiosos e representa a progressão de um ano
inteiro de aprendizado.
Em matemática, 15 redes tiveram queda de
desempenho de 2007 a 2017. Na média, os alunos aprendiam mais há 11 anos
do que aprendem agora.
Já em língua portuguesa, o salto relevante ocorreu em oito estados, e cinco caíram.
A
Folha comparou os resultados da avaliação de 2017 com os de 2007,
quando houve criação do Ideb. O Ideb será conhecido apenas na
segunda-feira (3). Esses dados são produzidos a cada dois anos.
Em
2017, o Espírito Santo lidera o ranking das redes, com 281 pontos em
matemática e 277 em português. São consideradas ideais notas de 350 e
300, respectivamente.
O histórico de resultados do ensino médio
desde 2007 não é positivo nem mesmo para aqueles estados com as melhores
notas no ano passado.
As redes de Rio Grande do Sul, Minas Gerais
e Paraná, por exemplo, estão entre as cinco maiores médias de
matemática. Mas, além de as notas estarem abaixo do adequado, são piores
do que eram há 11 anos.
Também há redes que avançaram consideravelmente, como Sergipe e Piauí (em português), e permanecem abaixo da média nacional.
“Não
dá pra dizer que há redes boas, há as menos piores e algumas boas
escolas isoladas”, diz Ernesto Faria, diretor do instituto Iede
(Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional).
O
ministro da Educação, Rossieli Soares da Silva, disse que o ensino médio
está falido. “Os resultados demonstram o quanto o ensino médio não está
agregando ao jovem brasileiro”, disse.
O governo Temer se esforça
para aprovar ainda neste ano o texto final da Base Nacional Comum
Curricular referente à etapa. A base define o que os estudantes da
educação básica devem aprender.
A parte até o ensino fundamental
já foi finalizada. Já o texto do ensino médio está em fase final de
discussão no CNE (Conselho Nacional de Educação), mas a versão
encaminhada pelo MEC tem sofrido muitas críticas. Pressionado, o governo
se comprometeu a melhorá-la, mas há o risco de não aprovar neste ano.
O
educador Mozart Neves Ramos também ressalta a importância da base. “Não
dá mais para continuar sem uma mínima unificação que a base pode
oferecer”, diz ele, que é diretor de Articulação e Inovação do Instituto
Ayrton Senna.
Professor da Universidade Federal Fluminense, Paulo
Carrano diz que a etapa tem problemas, mas o governo apresenta um
“remédio precário”, referindo-se à base e à reforma do ensino médio.
“É
uma rede que cresceu recentemente para amplas maiorias e não se
adaptou, não se investiu, não se construiu laboratórios”, diz. “Não
adianta dizer que vai melhorar só porque vai fazer arranjo curricular ou
lei para institucionalizar a desigualdade”.
Mesmo com alta taxa
de evasão, de 11%, o percentual de jovens de 15 a 17 anos no ensino
médio cresceu nos últimos anos. Em 2001, eram 41% dos jovens da faixa
etária na etapa. Passou para 63% em 2015.
A definição da base tem
ligação com a reforma do ensino médio, aprovada por medida provisória
pelo governo Temer em 2017. A reforma prevê flexibilização e parte da
grade curricular será escolhida pelo aluno a partir de cinco áreas:
ciência humanas, da natureza, matemática, linguagens e educação
profissional. Isso só passa a valer após a base.
Com relação ao
ensino fundamental, os anos iniciais mantiveram a tendência consistente
de melhoria. A etapa passou de 219 para 224 em matemática — um ponto do
considerado adequado. Em português, a média foi de 208 para 215, já
acima dos 200 pontos exigidos como adequados.
Nos anos finais,
matemática passou de 256 para 258 (adequado é 300) e foi de 252 para 258
em português. O adequado nessa matéria é de 275. (Via: Folhapress)
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