Pernambuco notifica 66 casos suspeitos de intoxicação de pessoas que tiveram contato com óleo em praias


Pernambuco notifica 66 casos suspeitos de intoxicação de pessoas que tiveram contato com óleo em praias

G1
Sessenta e seis casos suspeitos de intoxicação de pessoas que tiveram contato com o óleo cru que atingiu as praias de Pernambuco foram notificados pela Secretaria Estadual de Saúde (SES). A informação foi divulgada por meio de um boletim, nesta quinta-feira (31).
Segundo a secretaria, as notificações foram feitas entre o dia 18 de outubro e esta quinta-feira. Ao todo, há investigações de casos em cinco cidades de Pernambuco e em duas de Alagoas.
Houve notificações de 26 casos no Cabo de Santo Agostinho, 18 em São José da Coroa Grande, seis em Ipojuca, dois em Itamaracá, um em Paulista e dois no litoral de Alagoas (Maceió e Maragogi). Em outras 11 ocorrências não foram informados os locais da exposição ao óleo, segundo a SES.
“Os casos de Alagoas foram notificados em Pernambuco porque as pessoas foram expostas ao óleo lá e adoeceram aqui”, explicou o coordenador do Centro de Informações Estratégicas da Vigilância em Saúde (Cievs), George Dimech.
Em São José da Coroa Grande, 17 pessoas deram entrada no hospital com sintomas provocados por reação ao produto. Entre eles estavam dor de cabeça, enjoo, vômitos, erupções e pontos vermelhos na pele. As informações foram repassadas pela Secretaria Municipal de saúde, no dia 23.
Segundo George Dimech, os casos relatados pelos pacientes que foram até o hospital em São José da coroa Grande devem estar na lista dos casos investigados. “É um evento recente e que precisa ter os impactos na saúde esclarecidos. Por isso, podemos dizer que é um evento de longo prazo”, afirmou.
De acordo com a secretaria, outros 35 casos informados pelos municípios estão sendo analisados e necessitam de mais informações coletadas. Nessas ocorrências, as fichas de notificação não apresentam elementos suficientes para caracterizá-los como intoxicação pelo petróleo.
“A pessoa pode ter intoxicação ao óleo, de fato, mas pode ter sido uma reação a possível uso de solvente para tirar o petróleo ou uma insolação. Isso não muda nada em relação ao atendimento a essa pessoa. Todos serão acompanhados de perto e vão ser tratados de acordo com um protocolo que está sendo instituído no Brasil”, destacou George.
No dia 24 de outubro, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que pessoas intoxicadas durante o trabalho de limpeza do óleo em praias do Nordeste usaram produtos tóxicos para limpar o petróleo cru que grudou na pele. A afirmação foi contestada por médicos e voluntários atendidos em São José da Coroa Grande.
A secretaria informou que a maioria das pessoas que apresentaram intoxicações é do sexo masculino (57,6%). Jovens e adultos, entre 19 e 59 anos, totalizaram 81,8% dos casos. Seis vítimas, 9%, eram menores de 18 anos.
“Todos apresentaram sintomas leves, como cefaleia, náuseas, falta de ar, tontura e diarreia, com atendimentos ambulatoriais e sem a necessidade de hospitalização”, informou a nota da secretaria.
George Dimech destacou o estado está fazendo uma análise criteriosa das informações de todos os casos registrados.
Para ele, isso é importante para confirmar os fatos. Ele justifica, por exemplo, que há casos sem nenhuma relação com intoxicação exógena pelo petróleo. “Tem informação de uma pessoa que relatou dor nas costas, por exemplo”, observou.
Na nota, o governo disse que está monitorando os casos de intoxicação informados pelos municípios e unidades de saúde do litoral. Diante disso, reafirmou a necessidade de evitar o contato direto com o petróleo cru, por meio do uso dos equipamentos de proteção individual.
“Não é recomendada a participação de crianças, gestantes e doentes crônicos no trabalho de limpeza das praias”, destacou a nota.
O governo, disse a SES, está realizando visitas técnicas nas praias onde ocorrem os mutirões de limpeza do óleo, nas unidades de saúde destes locais, com o objetivo de alertar os gestores e profissionais de saúde sobre sintomas de intoxicação.
Também é repassada a informação sobre a necessidade de preenchimento correto da Ficha de Investigação de Intoxicação Exógena Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan).
A qualidade na descrição das informações, de acordo com a secretaria, especialmente com relação ao agente tóxico e sintais e sintomas, facilita a investigação e classificação dos casos.
O Centro de Assistência Toxicológica de Pernambuco (Ceatox), que funciona como uma central telefônica, está à disposição da população e dos profissionais de saúde para sanar dúvidas e prestar orientações sobre os casos de intoxicações. O contato pode ser feito por meio do telefone 0800.722.6001.
Na nota, a SES ressalta que o boletim epidemiológico 32, divulgado pelo Ministério da Saúde nesta quinta, aponta que as evidências consolidadas sugerem que o impacto da substância para a saúde pública é baixo.
No documento, o ministério ressaltou que “a presença do petróleo no ambiente nem sempre levará à exposição da população, em especial aos compostos mais tóxicos que apresentam alta volatilidade”.
Ainda de acordo com a secretaria estadual, o governo federal também destacou que “no material coletado, o composto de maior potencial de toxicidade à saúde humana, numa eventual exposição, é o benzeno. No entanto, sua concentração no petróleo pode variar de menos 0,5% a 4% do total, dependendo da origem do petróleo”.
A SES ressaltou outra parte do boletim do Ministério da Saúde: “Para uma exposição ao benzeno, como nesse desastre, considera-se que o risco seja baixo para a saúde humana, até o momento. No entanto, segundo a literatura, caso ocorra intoxicação, a excreção da substância deverá ocorrer entre 24 a 48 horas pela urina”.
De acordo com a SES, o estado promoveu a capacitação de 155 profissionais de saúde sobre o atendimento inicial ao paciente intoxicado. A secretaria disse que vem trabalhando com o Ministério da Saúde para definir o protocolo de acompanhamento futuro dos pacientes e comunidades que tiveram contato com o petróleo cru.
Além disso, vem estabelecendo parcerias com instituições de pesquisa para subsidiar e fomentar a produção de conhecimento qualificado sobre o evento.
A secretaria também já solicitou ao ministério o envio de equipe de campo (EpiSUS) para ajudar e ampliar a investigação dos casos notificados.
Um trabalho está sendo realizado em parceria com o Ministério Público do Trabalho (MPT), que instaurou procedimento para acompanhar as questões relacionadas à saúde e à integridade física das pessoas que tiveram contato com o óleo.
“Parcerias com organizações da sociedade civil organizada, como o Monitora Saúde, também estão sendo realizadas no sentido da SES/PE conhecer melhor o perfil dos voluntários expostos ao petróleo e da organização incentivar a procura pelos serviços de saúde nos casos de intoxicação”, informa o boletim.
O balanço divulgado pelo governo pernambucano, na noite desta quinta (31), aponta que, em 15 dias, Aforam recolhidas 1.561,19 toneladas de óleo, em 47 praias e oito rios atingidos. Os registros começaram a ser feitos no dia 17 de outubro, quando as manchas chegaram a São José da Coroa Grande.
O material recolhido foi entregue ao Centro de Tratamento de Resíduos Pernambuco, localizado no município de Igarassu, no Grande Recife.
Foram feitos registro de óleo nos seguintes municípios: Barreiros, Cabo de Santo Agostinho, Ilha de Itamaracá, Ipojuca, Jaboatão dos Guararapes, Paulista, Rio Formoso, São José da Coroa Grande, Sirinhaém, Tamandaré, Goiana, Recife e Olinda.

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