Para 96% da população, governo tem dever de manter programas sociais


Para 96% da população, governo tem dever de manter programas sociais

Pesquisa da Oxfam Brasil, divulgada nesta quinta-feira (15), mostra que o brasileiro está convicto quanto à importância do estado na redução de desigualdades no país. Os resultados indicam que 96% da população considera obrigação do governo destinar recursos para a manutenção de programas de transferência e de assistência social, sobretudo à população mais pobre. A maioria — 85% — também acredita que o poder público é o principal responsável por promover ações para diminuir diferenças.

Os dados são referentes ao estudo Nós e as Desigualdades, feito em parceria com o instituto Datafolha, e que aborda as percepções sobre o tema no Brasil. Segundo a pesquisa, 95% dos brasileiros defendem que o Auxílio Brasil deve atender a toda a população em situação de pobreza. Os números evidenciam o apelo para que o estado se comprometa com a criação de políticas públicas de assistência.

Outro indicador que reforça esta ideia está relacionado à compreensão de que o progresso do país está diretamente associado à redução de desigualdades. Do total, 85% concordam que, para o país se desenvolver, é preciso diminuir a diferença econômica entre ricos e pobres. Nesse sentido, cresceu o número de pessoas de apoiadores da tributação de grupos mais abastados para garantir políticas sociais. Entre 2017, data do primeiro estudo, e 2022, o índice passou de 71% para 85%.

Paralelamente, para 65%, o cenário não deve mudar nos próximos anos. A contradição coloca em oposição o que as pessoas esperam do governo e o que, de fato, tem se traduzido em ações práticas. “Ao mesmo tempo que as pessoas valorizam o papel do estado como sendo responsável, prioritário, para combater desigualdades, elas são céticas em relação a quanto isso vai se concretizar, efetivamente”, observa Jefferson Nascimento, coordenador de justiça social e econômica da Oxfam Brasil.

O dado também contrasta com a visão do brasileiro acerca da própria evolução econômica em um período de cinco anos. Nesse contexto, 64% acreditam que passarão a ocupar as faixas de renda da população de classe média ou classe média alta.

Distorção

O levantamento também ressalta uma distorção acerca da concentração de renda no país. De acordo com a pesquisa, 49% dos entrevistados consideram um rendimento mensal entre R$ 1.001 e R$ 2 mil para classificar os índices de pobreza. Em 2019, a maioria (53%) situava o estrato entre R$ 701 a R$ 1 mil.

No entanto, essa ideia está muito distante dos indicadores usados atualmente. Segundo critérios do Banco Mundial, considera-se em situação de extrema-pobreza a população que vive com rendimento diário de US$ 1,90 por pessoa — aproximadamente R$ 155 por mês. Já a pobreza é caracterizada pelas famílias que vivem com cerca de R$ 450 mensais per capita (U$ 5,50 por dia).

Pesquisa recente da Fundação Getúlio Vargas mostra que 63 milhões de brasileiros, quase um terço da população, vive com renda domiciliar per capita de até R$ 497. Outros 15,5 milhões de têm apenas R$ 172 para passar o mês.

A visão distorcida também se mantém para o grupo mais rico do país, de acordo com o levantamento da Oxfam. Outros 21% acreditam que para fazer parte dos 10% mais ricos do país é preciso ganhar até R$ 5 mil por mês, valor próximo do que é a realidade: equivalente a cerca de quatro salários mínimos. No entanto, 44% ainda creem que a parcela mais abastada ganha, no mínimo, R$ 20 mil, por volta de quatro vezes mais que a média real.

A distorção ocorre porque a concepção das pessoas sobre pobreza está associada ao valor do salário mínimo, conforme explica Jefferson Nascimento. “As pessoas situam essa linha da pobreza muito próxima da faixa de um salário mínimo. Basta você acompanhar: em 2019, ele estava um pouco abaixo dos R$ 1 mil, então ficou ali, próximo àquela linha. Foi avançando e, em 2022, a gente ultrapassou a linha dos mil reais e um pouco. Essa percepção foi meio que acompanhando a elevação do salário mínimo”, pontua o pesquisador. “Mesmo sendo insuficiente, ele ainda está muito acima do que a gente considera para os indicadores sobre os extremos de pobreza”.

A queda na renda média da população e a redução do poder de compra também favorece essa confusão entre os limites da pobreza e riqueza. “As pessoas estão ganhando menos, então, é legítimo pensar que num contexto de empobrecimento geral da população, cada vez mais, elas próprias se veem empobrecidas e tendem a achar que isso faz com que estejam mais próximas a essa linha de pobreza”, explica Nascimento.

“A questão do aumento do custo de vida faz com que, mesmo estando nos 10% com maior renda, não significa que sobre dinheiro. Você gasta muito com alimento e tudo mais. Então, tem uma distorção de que as pessoas acham que elas são mais pobres do que realmente são”.

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