O herói desconhecido ofuscou até mesmo o gol histórico marcado pelo atacante Neymar, nos acréscimos do primeiro tempo da prorrogação. O feito do melhor jogador do país igualou em sua 124ª partida a marca de Pelé, maior artilheiro da história da seleção com 77 gols em 91 jogos.
Foi o primeiro dele em um jogo de quartas de final da competição. Anteriormente, havia passado em branco nos duelos contra a Colômbia, em 2014, e diante da Bélgica, em 2018.
O resultado mantém aos comandados pelo técnico Tite uma espécie de “fantasma” já visto na eliminação na Copa da Rússia, para Bélgica, outra seleção europeia, justamente nas quartas de final.
Os croatas aguardam o vencedor do duelo entre Argentina e Holanda, que acontece às 16h (de Brasília), no estádio Lusail. A partida acontecerá na próxima terça-feira, 13, às 16h (de Brasília), no mesmo Lusail.
Com a mesma escalação que goleou por 4 a 1 a Coreia do Sul nas oitavas de final, o Brasil encontrou desde os primeiros minutos dificuldades para furar a intensa marcação croata. Sobravam erros, faltava espaço.
A primeira finalização aconteceu aos quatro minutos. O atacante Vinicius Júnior recebeu na esquerda, puxou a bola para a entrada da área e bateu colocado, mas sem levar dificuldades para o goleiro Livakovic.
A Croácia dificultava a saída de bola do Brasil, marcando já no campo de ataque, causando desconforto pela boa atuação do meio-campo formado por Modric, Brozovic, Kovacic e Perisic. Foram 12 desarmes só no primeiro tempo.
A seleção, por sua vez, insistia quase todo o tempo em bolas com Vinicius Júnior pela esquerda.
Para piorar, o atacante Richarlison, artilheiro do Brasil no Mundial com três gols, e o lateral-direito Éder Militão ainda reclamavam de possíveis problemas físicos levando Fred, Pedro e Daniel Alves aquecerem aguardando a definição, mas depois retornarem ao banco.
A primeira aparição de Neymar aconteceu aos 20 minutos, em avanço pelo lado esquerdo do ataque. O camisa dez bateu rápido, mas sem força, no centro do gol defendido por Livakovic.
As tentativas de se lançar ao ataque cediam espaços ao lateral-direito Juranovic, pouco conhecido que incomodava frequentemente a Danilo, improvisado na esquerda. Foram três finalizações croatas, duas delas criadas pelo camisa 22.
O Brasil retornou ao segundo tempo bem mais disposto, porém com um “muro” a quebrar pela frente chamado Livakovic. Logo no primeiro minuto, Richarlison desviou o cruzamento e obrigou o goleiro a fazer grande defesa para evitar o gol.
Na sequência, após chute travado de Neymar, a bola sobrou livre para Vinicius Júnior sair cara a cara com o camisa 1 croata que, novamente, defendeu milagrosamente.
Os brasileiros ainda reclamaram de um possível pênalti no lance, após toque no braço de Juranovic. A revisão do VAR mandou a partida seguir por conta de um impedimento na jogada.
Aos nove, Livakovic salvou com os pés após boa jogada entre Richarlison e Neymar, que terminou com uma conclusão rasteira do camisa 10.
Com o lado direito completamente inoperante, Tite tirou Raphinha para a entrada de Antony. Pouco depois, foi a vez de Vinicius Júnior por Rodrygo. O roteiro seguia o mesmo: aos 20, novamente Livakovic salvou os croatas em chance cara a cara com Paquetá.
O Brasil também chegou com Neymar, após nova boa tabela com Richarlison. O camisa 10 bateu de esquerda, mas Livakovic defendeu novamente – a oitava defesa na partida, sendo cinco delas em finalizações dentro da área. O recorde pessoal nesta Copa era de, no máximo, três intervenções em um jogo.
Aos 38, Tite fez mais uma modificação: Pedro no lugar de Richarlison. A melhor chance, contudo, viria com Militão dois minutos depois. Em uma sobra dentro da área, o defensor ficou livre, mas chutou rasteiro próximo ao gol croata.
Mesmo com mais quatro minutos de acréscimos, a prorrogação foi inevitável – curiosamente a quinta da seleção croata nos últimos seis jogos de mata-matas em Mundiais. Foram três em 2018 e dois já nesta edição do torneio.
A última prorrogação da seleção brasileira em uma Copa havia acontecido em 2014, nas oitavas de final contra o Chile. Naquela ocasião, o país se classificou nos pênaltis.
Na primeira parte do tempo extra, os melhores momentos brasileiros chegavam, principalmente, em jogadas individuais de Antony, que levava vantagem em quase todos os confrontos com o lateral-esquerdo Sosa.
A primeira oportunidade foi croata: Petkovic fez bela jogada individual, deixando dois marcadores brasileiros para trás. Ele rolou para Brozovic, da entrada da área, que chutou por cima do gol de Alisson.
Já nos acréscimos, surgiu Neymar. O camisa 10 tabelou com Rodrygo, driblou o goleiro Livakovic e chutou pressionado pela marcação de Sosa para abrir o placar. Alívio: 1 a 0.
A Croácia não se rendeu e respondeu no começo do segundo tempo, aos três, com Perisic. O técnico Zlatko Dalic promoveu alterações e conseguiu a sonhada reação.
Aos 11, Vlasic encontrou Orsic em boas condições pela ponta esquerda. O atacante cruzou rasteiro na entrada da área, próximo a marca do pênalti. Petkovic chutou de primeira, a bola desviou em Marquinhos e tirou as chances de defesa de Alisson.
Empolgada, a Croácia ainda tentou aos 14, em chute perigoso de fora da área, enquanto o Brasil perdeu grande chance com Thiago Silva, em nova grande defesa de Livakovic.
Nos pênaltis, o calvário brasileiro começou com Rodrygo, que parou novamente no bom goleiro croata – que, por sua vez, acertaram todas as cobranças.
E, no fim, coube a Marquinhos o erro que colocou os rivais nas semifinais. Neymar, que seria o quinto, sequer cobrou.
Fim da era Tite. E sonho do hexa novamente adiado.