Uma janela para o passado: a domus e seu contexto histórico
Vista interna da domus. (Fonte: Ministério da Cultura italiano / Reprodução)
A casa em questão, datada entre o segundo século a.C. e o final do primeiro século a.C., oferece uma visão única da vida aristocrática romana. Localizada nas proximidades dos célebres Hórreos de Agripa, construídos por Marco Vipsânio Agripa, genro do imperador romano Augusto, a residência é um testemunho do refinamento arquitetônico da época.
Distribuída em vários andares, revela um estilo de vida complexo, com terraços e pelo menos três fases de construção. A área ao redor do Vicus Tuscus, uma rota comercial vital, é um cenário que une a vida cotidiana à grandiosidade imperial.
A descoberta dessa domus oferece informações sobre a presença de grandes famílias senatoriais romanas, revelando uma expressão precoce da luxúria asiática que, na tardo-república, desencadeou intensas disputas políticas. A proximidade com o Palatino, o coração do poder em Roma, reforça a importância da região e a influência das famílias aristocráticas que a habitavam.
O mosaico "rústico": uma obra de arte sem comparação
Detalhes do mosaico. (Fonte: Ministério da Cultura italiano / Reprodução)
O ambiente principal da casa, uma espécie de sala para banquetes conhecida como specus aestivus, revelou um mosaico extraordinário. Datado dos últimos decênios do século II a.C., o mosaico é uma peça única de arte, composta por conchas, azulejos de azul egípcio, vidros preciosos e outros materiais exóticos.
Pela sua singularidade, o mosaico oferece uma janela para a mentalidade e as conquistas do proprietário da domus, um indivíduo aristocrático que moldou a região com sua presença e influência. Além disso, reforça a ideia da luxúria asiática como uma influência estrangeira que permeou a sociedade romana, mesmo enquanto alguns a repudiavam como antitética à identidade romana.
Além do mosaico, uma sala adjacente revelou um revestimento em estuque branco, com paisagens dentro de falsas arquiteturas e figuras de alta qualidade. Esse trabalho de restauração minucioso resgatou não apenas a grandiosidade arquitetônica, mas também a qualidade artística que caracterizava as representações visuais da época.
Após a conclusão das escavações, prevista para 2024, o Parque Arqueológico do Coliseu e o Ministério da Cultura da Itália estão empenhados em tornar este local acessível ao público, preservando assim uma parte significativa do patrimônio cultural romano.
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