
O que deveria ser uma viagem de cerca de uma semana à Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) para os dois primeiros astronautas da agência espacial americana, a NASA, a voarem a bordo da espaçonave Starliner da Boeing pode virar uma estadia inesperada de até oito meses, o que significa passar o verão (no hemisfério norte) e até as festas de Natal e Ano Novo em órbita.
O lançamento do qual Barry “Butch” Wilmore, de 61 anos, e Sunita Williams, de 58, participavam fazia parte de um teste projetado para ver como a espaçonave para voos tripulados da Boeing funcionaria antes de ser usada para transportar regularmente os astronautas. O voo ocorreu após sete anos de atraso e era a terceira tentativa da empresa de lançar o veículo ao espaço.
A espaçonave começou a apresentar problemas preocupantes de propulsão ao voar para a plataforma orbital, como vazamentos de hélio, usado para pressurizar o sistema de propulsão, e a perda de potência de alguns propulsores do sistema de controle de reação, essenciais para direcionar a nave durante sua partida e prepará-la para uma queima crucial para a reentrada na atmosfera da Terra. Nesse caso, apesar de terem chegado em segurança à ISS, os astronautas podem precisar de uma espaçonave alternativa para retornar.
Na quarta-feira, em entrevista coletiva, a agência espacial americana anunciou um plano de contingência elaborado com a Space X, do bilionário Elon Musk, que poderia trazer de volta Wilmore e Williams na cápsula Crew Dragon, na missão Crew-9. O lançamento está programado para 24 de setembro e a missão a princípio conta com quatro astronautas, mas, se for escolhida para transportar os astronautas para a Terra, deverão ser apenas dois. O retorno seria em fevereiro de 2025.
— Nossa principal opção é retornar Butch e Suni na Starliner, afirmou o gerente do Programa de Tripulação Comercial da NASA, Steve Stich, citada pela BBC. — No entanto, fizemos o planejamento necessário para garantir que temos outras opções abertas.
Stich revelou que houve discussões intensas sobre o melhor caminho a seguir, com a Boeing expressando confiança em sua espaçonave após realizar testes em solo para replicar os problemas técnicos vistos no espaço. O gerente afirmou que “a comunidade da Nasa em geral gostaria de entender um pouco mais sobre a causa raiz e a física”.
A agência espacial americana e a Boeing estão realizando testes nas Instalações de Testes de White Sands, no Novo México, para entender melhor por que alguns dos propulsores da Starliner sofreram perda de potência ao se aproximar da estação espacial e por que houve vários vazamentos.
O gerente disse que a análise mais recente do motivo da falha dos propulsores apontou para o fluxo de combustível sendo bloqueado dentro de uma válvula de gatilho, além do superaquecimento, que fez com que parte do combustível vaporizasse. Autoridades disseram anteriormente que os vazamentos de hélio podem ser devido ao uso de selos subdimensionados.
O Globo