A proposta teve repercussão positiva entre pessoas que já exerceram a função de conselheiro tutelar. Um ex-conselheiro, que atuou por quatro mandatos, se manifestou em agradecimento ao vereador Paulinho pela iniciativa. Em suas palavras, destacou a invisibilidade do trabalho realizado pelos conselheiros e a urgência em se valorizar financeiramente esses profissionais, que lidam com situações de alto risco e impacto social.
“Só sabe o que é ser um conselheiro tutelar quem já foi um dia. Ainda hoje guardo sequelas e terríveis lembranças do que vivenciei nos meus dias de luta em defesa das crianças e adolescentes. Mesmo após sete anos afastado, neste ano de 2025 ainda fui intimado a participar de audiências em dois casos de abuso sexual”, relatou afirmando que também sente-se desconfortável ao encontrar pelas ruas da cidade, pessoas que foram presas em razão do seu trabalho e do trabalho da equipe.
Durante a sessão, também houve debates em torno da atuação do atual Conselho Tutelar. O vereador Chico Torres criticou o desempenho da atual gestão, afirmando que seria “o pior ou menos atuante” dos últimos tempos. Em resposta, o vereador Rômulo saiu em defesa da equipe, argumentando que o trabalho dos conselheiros é, em grande parte, sigiloso, o que pode passar a falsa impressão de inatividade.
O ex-conselheiro também aproveitou para levantar uma crítica importante sobre a mudança no processo eleitoral do Conselho Tutelar, aprovada pela própria Câmara. Antes, cada eleitor podia votar em até cinco candidatos; agora, o voto é limitado a apenas um. Para ele, essa alteração prejudicou a liberdade do voto consciente e ampliou a interferência política no pleito.
“A eleição do Conselho acabou se tornando uma extensão da eleição para vereador. Antes, mesmo com influência política, o eleitor votava em quem o político pedia mas sem deixar de votar em quem o coração mandava, em razão de uma boa atuação e por ser merecedor do voto. Agora, vemos panelinhas e disputas entre chefes políticos locais para eleger seus candidatos, e isso tem impacto direto, pois nem todos que são eleitos, acabam se identificando e assumindo de fato o cargo”, afirmou.
A fala encerra com um
apelo por mais reconhecimento à função de conselheiro tutelar, crendo que a atual gestão municipal analisará o pleito com o maior carinho e atenção, até
porque, com uma melhor remuneração, um maior leque de pessoas realmente
capacitadas serão estimuladas a se candidatar, que segundo ele, é um trabalho de alto risco, sem seguro de vida, estabilidade financeira ou garantias, mas essencial para a proteção do bem mais precioso de uma sociedade: as suas crianças e adolescentes.
Por Sérgio Coelho - blogueiro e ex-conselheiro tutelar.
