
Pesquisa AtlasIntel feita com exclusividade para o programa GPS CNN aponta que a maioria da população atribuiu a culpa pela alta dos preços ao governo federal. A pesquisa aponta ainda que o governo deveria fazer mais para reduzir a inflação.
Ao responder à pergunta “Qual a principal causa para o aumento dos preços?“, o público respondeu o seguinte:
- 51,6% disseram que a culpa é da política econômica do governo federal;
- 22,4% disseram que são as empresas e o comércio querendo lucrar mais;
- 15,3% responderam que a causa são os eventos climáticos;
- já 6% citaram o câmbio e 3,9%, o cenário de instabilidade internacional;
- e pouco menos de 1% respondeu que o aumento dos preços é causado pela política econômica dos governos estaduais.
Quando questionados se acreditam que o governo está tomando as medidas certas para conter a inflação:
- 56,3% dizem que o governo deveria fazer mais para reduzir a inflação;
- 40,5% acham que o governo está atuando corretamente;
- e 3,2% não souberam responder.
Para
essas pesquisas, a AtlasIntel ouviu 1.322 entre os dias 11 e 13 de
março. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para
menos e o nível de confiança é de 95%.
Camilo Rabelo, economista-chefe da AtlasIntel, explica os motivos de o governo ser o maior impactado pelo aumento de preços.
“A
política econômica tem se tornado cada vez mais importante para a
população na hora de avaliar o governo federal, e a inflação é um dos
principais critérios que afetam essa percepção, por impactar diretamente
a renda disponível da população”.
Portanto,
segundo o economista, “o controle da dinâmica de aumento dos preços
torna-se fundamental para o governo, que é visto pela maioria como
responsável por essa variação, o que impacta diretamente sua avaliação e
aprovação”.
A pesquisa também mostrou o impacto da inflação no cotidiano dos brasileiros.
Quando questionados em quais os setores foram percebidos aumento de preços, os mais mencionados foram:
- Supermercado (86,7%)
- Combustíveis (45,6%)
- Alimentação fora de casa (31,8%)
- Saúde e medicamentos (29,9%)
- Energia elétrica e gás (23,1%)
Já
quando a pergunta é sobre as estratégias para driblar a inflação, mais
da metade das pessoas disse que está procurando promoções e descontos:
46% trocaram produtos por opções mais baratas, deixaram de comprar carne para comprar frango, por exemplo;
- 44,3% reduziram o consumo;
- 36,4% passaram a comprar marcas mais baratas;
- 19,9% disseram que não precisaram mudar os hábitos;
- 14,2% estão tentando aumentar a renda, com horas extras, por exemplo;
- 9,2% pegaram empréstimos ou entraram no rotativo do cartão de crédito;
- e 3,3% precisaram pedir ajuda para familiares e amigos.
De
acordo com o economista-chefe da AtlasIntel, isso explica a tentativa
do governo Lula de tentar encontrar saídas para a inflação.
“Para
mais de um brasileiro sobre dois, o governo não está fazendo o
suficiente para reduzir a inflação, e deveria fazer mais”, resume
Rabelo.
“A
questão do nível de preços tornou-se, portanto, fundamental para os
brasileiros, e o próprio governo vem trabalhando sua comunicação sobre o
assunto, buscando mostrar à população que o problema está sendo
endereçado, como mostra o anúncio, no dia 6 de março, da medida que zera
a alíquota de importação sobre 9 produtos (dentre eles o azeite, a
carne, o óleo de girassol)”, afirmou.
No
entanto, segundo o especialista, para os brasileiros, o esforço do
governo Lula “ainda é insuficiente, como mostram os resultados, e a
população ainda vê margem de melhora nas ações do governo federal para
reduzir a inflação”.
“A
própria medida sobre a alíquota de importação destes 9 produtos não
conseguiu transmitir segurança quanto a sua eficiência, e diversos
economistas se mostraram céticos acerca de sua eficiência no combate à
inflação”.
BC x inflação
A
pesquisa também mostrou que a maioria não entende a dinâmica da relação
entre a política monetária praticada pelo Banco Central e o controle da
inflação.
Quando
questionados sobre as consequências do aumento da taxa de juros pelo
Banco Central, 63,4% disseram que o aumento da Selic aumenta a inflação;
23,8% responderam que diminui; 4,5% acham que não tem impacto nenhum e
8,3% não souberam responder.
“O
principal instrumento da política monetária do Banco Central, que busca
manter a inflação controlada em torno de 3%, é a taxa básica de juros,
que é majorada quando existe uma pressão inflacionária, o que encarece o
custo do crédito, limitando o investimento das empresas e o consumo,
impactando a demanda, o que alivia a pressão sob os preços”, explica o
economista-chefe.
No entanto, para quase ⅔ dos brasileiros, a compreensão é invertida, e o aumento da taxa de juros pelo Banco Central teria como principal consequência o aumento da inflação, o que sem dúvidas impacta diretamente as avaliações e a aprovação tanto do Banco Central quanto do Governo Federal”, concluiu Rabelo.
CNN Brasil