A Policia Civil instaurou inquérito para investigar a morte da criança, e
os aparelhos (celular e tablet) apresentados pela família já foram
encaminhados para a perícia. Uma equipe do Instituto de Criminalística
(IC) também esteve no quintal onde o menino foi encontrado. A delegada
responsável pelo caso, Thais Galba, declarou que ainda não pode afirmar
se a criança foi realmente vítima de um desafio da internet. "Ouvimos os
pais pela manhã, mas preciso da perícia tanatoscópica, que é a que fez a
necropsia na criança para identificar a causa da morte. A mãe falou que
em um determinado momento que o filho mostrou a imagem dessa boneca,
mas ela não sabia que era um jogo. Não conseguimos visualizar essa
imagem, mas estamos investigando no que tange à nuvem e às pastas de
compartilhamentos", disse a delegada, também durante a entrevista.
No
mesmo dia do depoimento dos pais de Arthur, outra criança de 12 anos,
que reside em Aldeia, também teria sido socorrida com os mesmos sinais
de enforcamento. A informação foi repassada à Folha de Pernambuco por
uma fonte ligada à Polícia Civil, que preferiu não ser identificada. Os
responsáveis pela criança, que está internada em um hospital particular
do Recife, registraram queixa e há suspeita de que ela também tenha
participado do desafio.
O jogo, que é parecido com o da Baleia Azul,
pede para que o usuário adicione um número no WhatsApp. A partir disso,
segundo a Polícia Federal (PF), as crianças e adolescentes começam a
receber desafios e ameaças. A imagem usada como perfil se trata de uma
escultura japonesa exposta em Tóquio, no Japão. Especialistas afirmam
que dois dos números vinculados a Momo são originários da Colômbia e do
México. A PF disse ainda que os perfis originais foram excluídos, mas
ainda há pessoas propagando o jogo.
Psicóloga diz como identificar sinais
Jogos
que colocam em risco a própria vida, a exemplo da "Baleia Azul" e mais
recentemente da "Boneca Momo", têm despertado reflexão entre
especialistas e autoridades sobre como crianças e adolescentes são
expostos na internet. Para a psiquiatra especializada em Saúde Mental da
Infância e Adolescência, Rackel Eleutério, muitas famílias não percebem
que as crianças estão envolvidas nessas situações e que, por isso, há a
necessidade de reforçar o diálogo com elas. “Os pais precisam ouvi-las,
fazer parte do universo delas e fortalecer a intimidade com as
crianças”, diz.
Ela também aponta que crianças de 9 a 12 anos e
adolescentes de 12 a 17 anos são considerados como grupos de risco, ou
seja, estão mais suscetíveis a participarem e compartilharem esses
desafios. “Eles têm uma vulnerabilidade, no sentido de terem dificuldade
de reconhecer seus próprios sentimentos. Eles não conseguem nomear o
que é estar angustiado, estar triste, e cabe aos pais ajudarem nessa
identificação”, ressalta.
O ambiente escolar também precisa atuar no
combate ao mau uso da internet. De acordo com a pesquisa TIC Educação
2017, realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento
da Sociedade da Informação (Cetic.br), apenas 18% das escolas públicas e
41% das particulares - das principais capitais do Brasil, como o Recife
- realizaram palestras, debates ou cursos sobre o uso responsável da
Internet nos últimos 12 meses. "Tal resultado pode ser um indício de que
as discussões sobre o uso seguro, consciente e responsável da internet
são tratadas na escola de forma esporádica e ainda não foram
incorporadas com regularidade ao currículo e às atividades
extracurriculares", avalia Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br.
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